Vendas crescem e lançamentos caem em junho na cidade de São Paulo

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Vendas crescem e lançamentos caem em junho na cidade de São Paulo

Na cidade de São Paulo, foram vendidas 6.837 unidades residenciais novas em junho, 16,2% a mais que em maio (5.883 unidades) e 129,1% acima das 2.984 unidades comercializadas em junho de 2020.

Os dados são da pesquisa mensal realizada pelo Secovi-SP (Sindicato da Habitação). No acumulado de 12 meses até junho, as 64.455 unidades comercializadas representaram um aumento de 38,7% em relação ao mesmo período anterior, quando foram negociadas 46.480 unidades.

Já os lançamentos totalizaram 6.940 unidades residenciais, 17,8% a menos que em maio (8.443 unidades) e 244,4% acima do total de junho de 2020 (2.015 unidades). No acumulado de 12 meses, somaram 77.507 unidades, ficando 41,6% acima das 54.740 unidades lançadas no período anterior.

No acumulado do primeiro semestre, os lançamentos totalizaram 27.114 unidades, superando o recorde anterior do primeiro semestre de 2019, com o registro de 20.157 unidades lançadas. As vendas apresentaram resultados ainda melhores, com 29.935 unidades comercializadas, superando a última marca de 19.641 unidades negociadas também no semestre inicial de 2019.

Os números também superaram a média histórica dos registros dos primeiros semestres de 2004 a 2020, período em que a média de lançamentos ficou em 12 mil unidades e a de vendas chegou a aproximadamente 13 mil unidades.

VGV e VSO

O VGV (Valor Global de Vendas) de junho deste ano atingiu R$ 3,2 bilhões, resultado 13,6% acima do registrado em maio (R$ 2,8 bilhões) e 119,4% superior ao volume percebido em junho de 2020 (R$ 1,5 bilhão) – valores atualizados pelo INCC-DI (Índice Nacional de Custo da Construção) de junho.

O VSO (Vendas Sobre Oferta), indicador que apura a porcentagem de vendas em relação ao total de unidades ofertadas, atingiu 13,1% em junho, ficando acima dos resultados do mês anterior (11,5%) e de junho de 2020 (8,7%).

O VSO de 12 meses (julho de 2020 a junho de 2021) foi de 59,3%, acima dos 57,8% apurados no período imediatamente anterior (junho de 2020 a maio de 2021), mas abaixo do acumulado de julho de 2019 a junho de 2020 (59,4%).

Oferta e VGO

A capital paulista encerrou o mês de junho com a oferta de 45.446 unidades novas disponíveis para venda. A quantidade de imóveis ofertados ficou praticamente estável (0,6%) em relação a maio (45.154 unidades) e 45,5% acima do volume de junho de 2020 (31.225 unidades). Esta oferta é composta por imóveis na planta, em construção e prontos (estoque), lançados nos últimos 36 meses (julho de 2018 a junho de 2021).

Em junho deste ano, o VGO (Valor Global da Oferta) totalizou R$ 23,2 bilhões, resultado 3,5% superior ao de maio (R$ 22,5 bilhões) e 24,2% acima do de junho de 2020 (R$ 18,7 bilhões) – valores atualizados pelo INCC-DI de junho.

Imóveis compactos

Imóveis na faixa de 30 m² e 45 m² de área útil lideraram em todos os indicadores: vendas (3.972 unidades), VGV (R$ 1,0 bilhão), lançamentos (3.422 unidades), oferta (23.380 unidades), VGO (R$ 5,5 bilhões) e o maior VSO (14,5%).

Por faixa de preço, os imóveis com valor de até R$ 240 mil lideraram com os melhores indicadores de vendas (3.363 unidades), oferta final (21.288 unidades), lançamentos (2.931 unidades). Unidades na faixa de R$ 240 mil a R$ 500 registraram o maior VSO (14,5%) e os imóveis com preços acima de R$ 1,5 milhão obtiveram o maior VGV (R$ 995,5 milhões) e o maior VGO (R$ 7,6 bilhões).

Em junho, a zona Sul liderou nos seguintes indicadores: vendas (2.413 unidades), VGV (R$ 1,4 bilhão), maior VGO (R$ 9,5 bilhões) e maior quantidade de imóveis em oferta (17.211 unidades). A zona Oeste registrou o maior VSO (16,7%) e liderou também nos lançamentos(2.722 unidades).

Econômicos e MPA

Em junho, 3.426 unidades vendidas e 2.774 unidades lançadas foram enquadradas como econômicas, dentro dos parâmetros do Programa Casa Verde e Amarela. A oferta desse tipo de imóvel totalizou 22.567 unidades disponíveis para venda, com VSO de 13,2%.

No segmento de mercado de médio e alto padrão, a pesquisa identificou 3.411 unidades vendidas, 4.166 unidades lançadas, oferta final de 22.879 unidades e VSO de 13,0%.

Análise

De acordo com o Secovi-SP, no semestre as vendas (29.935 unidades) superaram os lançamentos (27.114 unidades), demonstrando o aquecimento do mercado e a aderência do comprador às unidades ofertadas. Em números, o comportamento pode ser medido com o registro, em junho, de 45.446 unidades disponíveis para venda, volume que levaria 8,5 meses para escoar, considerando-se a média de comercialização dos últimos 12 meses (5.371 unidades).

Par a entidade, o mercado imobiliário vive um momento diferente. Até 2015, só era possível viabilizar empreendimentos que atendiam às demandas das classes média e alta, que correspondiam a aproximadamente 30 mil unidades por ano.

A partir de 2016, legislação municipal específica referente à produção habitacional dentro dos parâmetros do então programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), hoje Casa Verde Amarela (CVA), incentivou o lançamento de empreendimentos econômicos na capital paulista, mudando o patamar desse mercado e atendendo uma grande parcela população. Essa mudança legal permitiu a elevação do número de unidades lançadas de 30 mil para 60 mil unidades ao ano.

Apesar dos bons resultados, analisa o Secovi-SP, o momento é desafiador. O Brasil ainda sofre as consequências da pandemia de Covid-19, que ocasionou forte impacto na economia e na geração de empregos. O aumento da Selic também repercutirá no desempenho do mercado.

“Some-se a esses fatores o reajuste dos insumos da construção, que elevam a matriz de custos dos empreendimentos, mas que ainda não foram completamente repassados para o preço final dos imóveis, o que será inevitável caso não sejam resolvidos os gargalos”, diz o presidente daquela entidade, Basilio Jafet, acrescentando que o setor vem se mobilizando para evitar, inclusive, uma crise de desabastecimento em todo o país.

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