Tatto se diz aberto a dialogar sobre remoção de travas à produção de edifícios
Por Rafael Marko
O candidato pelo PT à Prefeitura de São Paulo, Gilmar Tatto, embora admitindo desconhecer as mudanças propostas na Lei de Zoneamento em discussão na Câmara Municipal, afirmou ser favorável ao adensamento e estar aberto a dialogar a respeito. “Se houver travas à produção de edifícios e não colidir com os princípios da legislação, vamos mudar”, disse em 20 de outubro, em entrevista virtual às entidades da construção.
A série de encontros com os candidatos está sendo realizada por SindusCon-SP, Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), Abrasce (Associação Brasileira de Shopping Centers), Asbea (Associação Brasileira dos Escritórios de Arquitetura), IE (Instituto de Engenharia) e Secovi-SP (Sindicato da Habitação), com mediação do jornalista Raul Juste Lores, diretor da revista Veja São Paulo e comentarista da rádio CBN. O próximo encontro será em 27 de outubro com Guilherme Boulos, candidato à Prefeitura paulistana pelo PT (ver abaixo).
Tatto lembrou sua participação na elaboração e posteriormente na revisão do atual Plano Diretor, e disse estar aberto a uma nova atualização. Para ele, a expansão urbana deve se dar via adensamento na região central, onde já há infraestrutura.
“Quero a ajuda da indústria imobiliária no desenvolvimento da cidade, vamos realizar obras para o enfrentamento da desigualdade social, gerando empregos. O paulistano precisa apropriar-se da cidade, não colocar cercas. Em relação aos edifícios abandonados no centro, vamos cobrar, via IPTU [progressivo], o cumprimento da legislação”.
Criticando o fim do Programa Minha Casa, Minha Vida pelo governo federal e a extinção da CDHU pelo governo estadual, o candidato prometeu viabilizar a construção de 40 mil unidades habitacionais para as famílias de baixa renda em 4 anos, sendo 10 mil no primeiro ano.
“Vamos dialogar com todos os setores para que os edifícios do centro não fiquem mais abandonados e se transformem em moradia popular e para classe média. No Minhocão, a proposta é derrubar edifícios deteriorados e construir novos. Trabalharemos com mutirão, construção por entidades e pequenos empreiteiros, com a Prefeitura viabilizando terrenos, desapropriando ou negociando. Vamos dialogar com associações de bairros e a turma do ‘não no meu quintal’, montando câmaras técnicas. O coletivo tem que se sobrepor ao individual.”
Licenciamento de projetos
No tocante à legalização de empreendimentos, afirmou que cobrará prazos dos secretários. “Se o empreendimento estiver dentro da lei, não tem sentido a aprovação demorar seis meses, um ano.” Para acelerar urbanização de favelas e a regularização fundiária da cidade, disse que criará convênios com entidades de advogados, engenheiros, arquitetos e universidades. “Vamos nos articular com a Câmara Municipal, o Tribunal de Contas e o Judiciário, e não deixar [os projetos] na mão do burocrata.”
Se eleito, Tatto disse pretender terminar as obras que estão paradas, mas não realizar novas obras grandes, exceto corredores de ônibus e faixas de ônibus. “Queremos acelerar os investimentos em metrô e trem e estimular o transporte público e as ciclovias para diminuir a utilização do automóvel. Vamos caminhar para o transporte público universal. Voltará o bilhete único de 4 horas, gratuito para estudantes, desempregados e para quem tenha consulta ou cirurgia eletiva, além de reduzirmos o preço da passagem de R$ 4,40 para R$ 2 aos domingos.”
“Seguiremos construindo faixas e ciclovias. E vamos debater como fazer o financiamento do transporte público diante do desafio de manter o sistema funcionando num cenário de diminuição do número de pagantes por conta do aumento da exclusão social.”
Para recuperar, preservar e proteger as represas de ocupações ilegais, o candidato disse pretender criar o São Paulo Manancial, envolvendo subprefeituras e municípios do entorno e órgãos do Estado, mobilizando a polícia ambiental, a guarda metropolitana, moradores e entidades. Propôs-se a plantar milhões de árvores da Mata Atlântica, criar novos parques, instituir um plano de microdrenagem, estimular a reciclagem e criar uma empresa para veículos de transporte não poluentes, reforçando a renovação da frota movida a combustível limpo.
Ações sociais
Para combater a fome e gerar empregos, o candidato afirmou pretender descentralizar o orçamento municipal fortalecendo as economias locais, criar milhares de cooperativas comunitárias para a confecção de uniformes escolares e outras finalidades, potencializar a reciclagem, criar frentes de formação profissional utilizando CEUs, destinar 3% do orçamento para fomentar atividades culturais, esportivas e de lazer que também contribuam para diminuir a violência, conceder auxílio emergencial, e reformar escolas com a introdução de itens para a prevenção à Covid-19.
Tatto ainda prometeu reativar o programa De Braços Abertos para o acolhimento de moradores de rua, construir-lhes lavanderias e banheiros públicos, investir em internet, oficinas, cursos profissionalizantes, criar um fundo de combate à pobreza, e providenciar locais para entregadores descansarem e se alimentarem.
Para todos esses projetos, ele disse não ver necessidade de aumentar impostos, alegando que a arrecadação municipal não caiu.
Os encontros
Assista nos links abaixo aos debates realizados:
7 de outubro – Arthur do Val (Patriota)
13 de outubro – Márcio França (PSB)
14 de outubro – Andrea Matarazzo (PSD)
20 de outubro – 17h – Jilmar Tatto (PT)
Assista pelo canal do Secovi-SP no YouTube aos demais confirmados:
21 de outubro – 17h – Joice Hasselmann (PSL)
27 de outubro – 17h – Guilherme Boulos (PSOL)
4 de novembro – 17h – Bruno Covas (PSDB)