Sondagens sobre confiança do empresário da construção divergem 

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Sondagens sobre confiança do empresário da construção divergem 

Os indicadores de confiança dos empresários da construção, pesquisados em novembro pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) e pela FGV (Fundação Getulio Vargas), trouxeram resultados divergentes.

Enquanto o Índice de Confiança da Construção (ICST) da FGV recuou em novembro – denotando manutenção do pessimismo –, o Índice de Confiança do Empresário do Industrial da Construção (Icei-Construção) da CNI cresceu, mostrando otimismo. A principal divergência está no indicador das expectativas em relação à demanda e ao ambiente de negócios nos próximos meses.

Cenário de incertezas 

O Índice de Confiança da Construção (ICST) da FGV recuou 1,4 ponto em novembro, para 93,8 pontos. Apesar do resultado negativo, o ICST em médias móveis trimestrais avançou pelo quinto mês consecutivo, de 91,5 pontos para 93,5 pontos.

A pontuação da Sondagem Nacional da Construção da FGV vai de 0 a 200, denotando otimismo a partir dos 100. A edição de novembro de 2020 coletou informações de 676 empresas entre os dias 3 e 23 deste mês.

Na análise de Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção da FGV/Ibre, “após seis meses de alta contínua, a confiança dos empresários da construção recuou, refletindo uma piora das expectativas em relação à demanda e ao ambiente de negócios nos próximos meses. O movimento deu-se nos três segmentos setoriais – Edificações, Infraestrutura e Serviços Especializados –, indicando insegurança com as incertezas elevadas do cenário geral.”

“Por outro lado, a avaliação dos empresários sobre o cenário atual manteve-se estável, mostrando uma acomodação dos negócios em novembro. Ainda assim, a percepção dominante é de que o setor chega ao final do ano em posição mais favorável do que estava no final de 2019”, acrescenta Ana Maria.

A queda do ICST em novembro foi influenciada exclusivamente pela piora das perspectivas dos empresários para os próximos três e seis meses. O Índice de Expectativas (IE-CST) diminuiu 2,9 pontos, para 96,2 pontos, voltando a patamar inferior a fevereiro, período pré-pandemia, quando chegara a 99 pontos. Os indicadores de demanda prevista e tendência dos negócios recuaram 2,3 pontos e 3,5 pontos, para 96,8 pontos e 95,5 pontos respectivamente.

Já o Índice de Situação Atual (ISA-CST) ficou estável em 91,5 pontos, devido a movimentos opostos dos indicadores que o compõem. Enquanto o indicador de carteira de contratos recuou 0,7 ponto, para 89,5 pontos, o indicador de situação atual dos negócios aumentou 0,7 ponto, para 93,6 pontos.

Assim como em 2019, na atual Sondagem da FGV a percepção dominante entre as empresas é de melhora do cenário setorial, comparativamente à situação de 12 meses atrás. Nesta comparação, a demanda insuficiente continua liderando o ranking dos fatores limitativos à melhoria dos negócios, embora com menos assinalações que em novembro de 2019, por conta da retomada rápida da atividade do setor, considerada essencial, em plena pandemia. Em segundo lugar, vem a competição dentro do próprio setor, também com menos assinalações, seguida do custo da matéria-prima, esta sim com mais assinalações. Em quarto lugar, no quesito Outros, a referência à pandemia alcançou 65% das assinalações.

O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) diminuiu 1,8 ponto percentual (p.p.), para 72,7%. O resultado negativo decorreu da piora do nível de atividade de Máquinas e Equipamentos, com queda de 0,2 p.p., para 65,9% e, principalmente, da Mão de Obra, com diminuição de 2 p.p., para 73,9%.

Melhora na situação atual 

Já na Sondagem da Construção da CNI, o Índice de Confiança do Empresário Industrial (Icei-Construção) voltou a crescer em novembro, para 58,9 pontos, após se manter estável entre setembro e outubro. Com a alta, o Icei-Construção recuperou a maior parte da confiança perdida em março e abril, mas ainda está inferior aos valores de antes da pandemia, que superavam os 60 pontos.

Estes índices vão de 0 a 100, sendo que a partir de 50 denotam otimismo. Esta sondagem colheu informações de 450 empresas (152 pequenas, 197 médias e 101 grandes), entre 1º e 12 de novembro.

De acordo com a CNI, a confiança aumentou principalmente por conta da melhora da percepção dos empresários sobre as condições atuais de seus negócios e da economia brasileira. O Índice de Condições Atuais se elevou em 3,1 pontos e voltou a superar a linha de 50 pontos, o que não acontecia desde março.

O Índice de Expectativa aumentou 1,8 ponto, para 62,8 pontos, mostrando continuidade do sentimento de otimismo disseminado em relação aos próximos meses. Os índices de expectativa variaram pouco no mês, entre queda de 0,3 ponto e alta de 0,8 ponto. Os indicadores de expectativas do nível de atividade e de novos empreendimentos e serviços registraram 55,4 e 54,8 pontos. O indicadores de expectativas de compras de insumos e matérias primas atingiu 55 pontos. Já o índice de expectativa de número de empregados ficou em 54,7 pontos.

A intenção de investir do empresário da construção aumentou em novembro, embora o indicador ainda esteja abaixo de 50 pontos. O índice de intenção de investimento registrou 42,4 pontos, uma alta de 1,5 ponto em relação a outubro. Essa alta retoma sequência de altas que havia sido interrompida no mês anterior: o índice havia crescido por quatro meses consecutivos antes de registrar queda em outubro. O índice segue acima de sua média histórica de 34,4 pontos.

O índice de evolução do nível de atividade ficou em 50,7 pontos, uma ligeira queda na comparação mensal. O índice de evolução do número de empregados cresceu para 51,3 pontos em outubro, alta de 1,2 ponto. É a sexta alta consecutiva do índice.

A Utilização da Capacidade Operacional caiu um ponto percentual em outubro, para 62%. A queda interrompe sequência de cinco meses de alta. O percentual é um ponto percentual inferior ao registrado em outubro de 2019.

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