Seminário mostrou inovações na edificação de estruturas

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Seminário mostrou inovações na edificação de estruturas

Evento também trouxe informações sobre a nova norma e mostrou ganhos de produtividade

Inovações em processos construtivos e a atualização da norma técnica de execução de estruturas foram os destaques do 23º Seminário Tecnologia de Estruturas e Fundações, realizado em formato híbrido pelos Comitês de Tecnologia e Qualidade (CTQ) e de Meio Ambiente (Comasp) do SindusCon-SP, em 31 de agosto.

Odair Senra, presidente do SindusCon-SP

Na abertura do evento, Odair Senra, presidente do SindusCon-SP, elogiou a dedicação voluntária dos membros do CTQ e do Comasp na realização dos eventos da entidade.

“O espírito de colaboração mútua entre estes nossos associados tem contribuído decisivamente para a superação dos desafios diários que enfrentamos. O SindusCon-SP tem lutado incansavelmente para atender as empresas, em meio a este turbulento período que o país atravessa. Tudo isto acontece graças à generosidade daqueles que voluntariamente se dedicam às ações que promovemos. Uma entidade forte e representativa como a nossa se constrói a partir de ações como as dos membros do CTQ e do Comasp, a quem muito devemos”, destacou Senra.

Clara, Von Uhlendorff, Valadares, Senra, Batlouni, Ibañez, Bianchini e Santos

Também falaram na abertura Jorge Batlouni, vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP e organizador do seminário, e Rodrigo Von Uhlendorff, coordenador do CTQ, que enfatizaram a relevância do evento e agradeceram a todos aqueles que colaboraram para sua realização.

Nova Norma de Estruturas

Em sua apresentação, Paulo Aridan Mingione, coordenador do GT de Produtividade do CTQ, mostrou as principais alterações feitas na revisão coordenada por ele da Norma Técnica 14931 – Execução de Estruturas de Concreto, que teve o novo texto aprovada em julho último e se encontra em consulta pública. Ele destacou que a revisão teve o viés de simplificar e clarificar os procedimentos para o engenheiro da obra.

Paulo Aridan Mingione, coordenador do GT de Produtividade do CTQ

Entre as inovações, estão: um anexo com as principais alterações, relação das normas correlacionadas e inclusão de estruturas de concreto reforçado com fibras, simplificação da seção de fôrmas para concreto, sugestão para implementação de três níveis para inspeção da execução das estruturas, recomendação de realização de Análise Preliminar de Riscos relacionados à execução, e um anexo com conceitos e recomendações sore a abordagem de risco.

O texto também traz recomendação para elaboração de projeto de canteiro, considerando logística, produção e instalações provisórias de apoio; cuidados no armazenamento dos materiais sobre estruturas já executadas; cuidados sobre movimentação de veículos e equipamentos sobre estruturas já executadas; e cuidados no armazenamento e transporte de materiais para evitar danos.

Segundo Aridan, em relação a armação e juntas, a nova norma traz: cuidados na execução de emendas mecânicas; elaboração de plano de amostragem para controle dessas emendas; reavaliação dos critérios e tempos para proteção das barras de esperas, correlacionado com as quatro classes de agressividade ambiental; tratamento e melhor visualização das tolerâncias para posicionamento das armaduras passivas.

O texto também contém a elaboração de uma tabela de tolerâncias para posicionamento de armaduras; recomendações para a contratação de serviços de concretagem; procedimentos necessários no concreto bombeado; a concretagem em períodos chuvosos; e informações sobre concreto autoadensável e as condições climáticas em que pode ser aplicado.

Há ainda recomendações sobre cuidados com fôrmas e escoamentos no caso de lançamento de concreto de altura superior a 20 cm do nível acabado da peça; proposta de uso de curva que correlaciona a compressão do concreto com o respectivo módulo de elasticidade; uma seção específica para a etapa de protensão, estabelecendo conceitos básicos sobre o processo; a reformulação do tratamento das juntas de concretagem; os cuidados na cura do concreto e na retirada das fôrmas e escoramentos; um anexo sobre recebimento do produto, e recomendações sobre armazenamento e uso de materiais para os quais não exista regulamento técnico.

Concreto inovador

Mauricio Bianchini, gerente Técnico de Mercado da Votorantim Cimentos

Mauricio Bianchini, gerente Técnico de Mercado da Votorantim Cimentos, apresentou as características do concreto Spectra, desenvolvido por aquela companhia: trabalha com alta fluidez; tem rápida aplicação, eliminando dificuldades ocorridas quando se trabalha com concretos mais secos; trabalha com módulos de elasticidade mais altos e possibilita edificar toda a estrutura do empreendimento. Quanto mais o aço aumenta, maior a viabilidade do uso do Spectra.

Bianchini explicou que estudos técnicos avaliaram itens como resistência à compressão, durabilidade e uso de menos cimento, reduzindo o impacto ambiental durante toda a vida útil da estrutura. Enfatizou a facilidade de especificação, aquisição e concretagem, o aumento do desempenho da estrutura e os ganhos em produtividade.

Ele mostrou cases de aplicação do produto, que já teve produzidos 150 mil m³ até agosto: o empreendimento Esther Towers da Eztec, com execução de 1.720 m³ em 11 horas em apenas uma camada; O Sofi Campo Belo da Tegra, com a redução da quantidade de concreto, aço, fôrmas e mão de obra, elevando a produtividade e trazendo uma economia de 17% sobre o custo de concreto.

De acordo com Bianchini, o Spectra é sustentável, reduzindo de 20 a 30% de emissão de carbono. A cura é o mesmo processo dos concretos usuais, esclareceu. A vantagem é que, por ter menos água, apresenta menos retração hidráulica.

Ainda destacou que, para se obterem ganhos, a obra tem que ser projetada ou reprojetada com Spectra, implicando menos utilização de concreto e aço.

O testemunho da Tegra

Angel Ibañez, diretor de Suprimentos e ESG na Tegra Incorporadora

Angel Ibañez, diretor de Suprimentos e ESG (Responsabilidade Ambiental, Responsabilidade Social e Governança) na Tegra Incorporadora, relatou que, a partir das estimativas de emissões de CO2 dentro das práticas ESG, a empresa decidiu experimentar o Spectra. Ele ainda relatou toda a evolução da empresa naquelas práticas, inclusive estimulando os fornecedores de insumos a adotá-las.

Henrique Nascimento dos Santos, gerente Geral de Suprimentos na Tegra Incorporadora

Henrique Nascimento dos Santos, gerente Geral de Suprimentos na Tegra Incorporadora, mostrou as reduções no volume do aço e em emissões de carbono obtidas nos empreendimentos da empresa com o uso do Spectra em 2020: Sofi (-90 t de aço e -344 t de CO2), D’Oro (-30 t de aço e -125 t de CO2), Elo Caminhos da Lapa (-6 t de aço e -426m³ de concreto e -408 t de CO2 na primeira torre e -7 t de aço, -500m³ de concreto e -478 t de CO2 na segunda), Gravura Perdizes (-73 t de aço, -158m³ de concreto e -355 t de CO2), Ode (-10t de aço, -460 m³ de CO2), e Área Higienópolis (-34 t de aço e -190 t de concreto). Segundo ele, a redução de CO2 de todos os empreendimentos somados equivale àquela que se obteria com 17 mil árvores.

Santos afirmou que o Spectra tem um custo de 6% a 10% maior que o concreto convencional, mas o investimento é compensado por seu desempenho econômico a partir de um projeto bem elaborado e por sua importância na sustentabilidade.

Paredes de concreto

Rafael Passos Valadares, diretor de Engenharia Técnica da Direcional

Rafael Passos Valadares, diretor de Engenharia Técnica da Direcional, relatou que a empresa, motivada pela necessidade de realizar obras com grande número de unidades, realizou uma transição que durou uma década, para a utilização de parede de concreto. Os resultados foram a redução de prazo de execução em 40%, a diminuição do custo em 15%, a redução de 85% de geração de resíduos e a obtenção de 100% de ganho de produtividade, diminuindo-se em 50% o número de trabalhadores em cada canteiro. Agora a Direcional trabalha com nova geração de fôrmas, que garantiu mais um ganho de produtividade e mais segurança e sustentabilidade.

Ele informou que paredes de concreto moldada in loco também são viáveis na construção para unidades de médio padrão. Uma vez que as fôrmas são caras, recomendou: racionalização dos projetos para aproveitamento máximo; usar o máximo de painéis standards; instituir um processo simples, repetitivo e padronizado; ter simetria da estrutura evitando painéis complementares; substituir paredes internas por drywall; padronizar as peças possibilitando sua reutilização.

De acordo com Valadares, um uso moderado possibilita cerca de 400 reutilizações e a empresa chegou até a edificar um empreendimento de mil unidades em 12 meses, com esse sistema. Ele mostrou a comparação de vários sistemas: tradicional, trepante em forma de alumínio e gang (trepante de aço na parte externa, com plataforma incorporada). Recomendou a realização de vistoria na fábrica do fornecedor, pintar e numerar as fôrmas para facilitar a identificação e a utilização.

O diretor comentou que 40% das obras da empresa no programa Casa Verde e Amarela foram executados com o sistema, que já se mostra competitivo em empreendimentos de médio padrão um nível imediatamente acima do CVA. Mesmo com o aumento dos custos, a empresa tem se empenhado em manter a solução, esperando a estabilização dos custos. Ele também recomendou que se evitem projetos mais complexos geometricamente e disse que tecnicamente não há limitação por conta da altura do empreendimento, usado na construção de um prédio de 29 andares.

Os debates que se seguiram foram conduzidos pelo moderador Roberto Clara, diretor Técnico da Lucio Engenharia e Membro do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, e também coordenador adjunto da revisão da Norma de Execução de Estruturas. Ele destacou a importância da repetição e da simplicidade para a elevação da produtividade.

Todas as apresentações estão disponíveis aqui.

Patrocínio: Atlas Schindler, Gerdau e Votorantim Cimentos. Parceria institucional: O Estado de S. Paulo.

Apoiam o evento: ABNT CB002, Abrainc, AsBea-SP, Abramat, Aelo, Apemec, Abece, Cobracon, Ibracon, Secovi-SP e Seconci-SP.

Leia mais em: https://sindusconsp.com.br/seminario-debate-desafios-estruturais-dos-empreendimentos/

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