Pessimismo persiste na indústria da construção
Por Rafael Marko
Embora o empresário da construção tenha elevado ligeiramente sua confiança em junho pelo terceiro mês consecutivo, persiste o pessimismo no setor. Este foi um dos resultados da Sondagem Nacional da Indústria da Construção, realizada pela CNI (Confederação Nacional da Indústria), junto a 433 empresas, sendo 154 pequeno porte, 193 médio porte e 86 de grande porte, entre 1 e 10 de junho.
O Icei-Construção (Índice de Confiança do Empresário do setor) alcançou 42,6 pontos no mês, um aumento de 5 pontos em relação a maio, após alta de 2,8 pontos em abril frente ao mês anterior. Ainda assim, o índice permanece relativamente distante da linha divisória (a pontuação vai de 0 a 100, sendo que a partir de 50 denota otimismo), o que denota a persistência de falta de confiança dos empresários do setor. O Icei-Construção está a 7,4 pontos da linha divisória e a 14,4 pontos do patamar registrado no mesmo período de 2019.
Os componentes do Icei-Construção apontam para uma perspectiva menos negativa para os próximos seis meses, dado que o Índice de Expectativas aumentou 6,3 pontos entre maio e junho, e para uma relativa diminuição da avaliação negativa das condições correntes, com um aumento de 2,4 pontos no Índice de Condições Atuais.
Baixa intenção de investir
A intenção de investir do empresário da indústria da construção continua em nível baixo, apesar da melhora em relação a maio; o atual contexto de incerteza elevada e falta de confiança dos empresários contribui para esse resultado.
O índice de intenção de investimento (compra de máquinas e equipamentos, pesquisa e desenvolvimento, inovação de produto ou processo) cresceu 5,6 pontos no mês, passando de 25,4 para 31 pontos. A alta interrompe sequência de três quedas consecutivas, na qual o índice recuou 19 pontos. Assim, o índice segue em patamar relativamente baixo, 3,1 pontos inferior à média histórica.
Atividade e emprego
Os níveis de atividade e do nível de empregados da indústria da construção apresentaram nova queda em maio, ainda como reflexo dos efeitos adversos da pandemia de Covid-19. Os índices seguem abaixo da linha divisória de 50 pontos, o que significa redução tanto na atividade como no emprego em relação ao mês anterior.
O indicador de evolução do nível de atividade chegou a 37,1 pontos em maio, após aumento de 7,7 pontos em relação ao mês anterior. O crescimento do indicador – que ainda se situa abaixo dos 50 pontos – significa uma queda menos disseminada entre as empresas. Já o índice de evolução do número de empregados registrou 37,5 pontos no mês, tendo crescido 2,8 pontos na mesma base comparação.
Ociosidade elevada
A Utilização da Capacidade Operacional (UCO) atingiu 53% no mês de maio, um aumento de 3 pontos percentuais frente a abril. Isto significa que pouco mais da metade da capacidade operacional da indústria da construção se encontra mobilizada.
Mesmo com a ligeira melhora, o índice ainda se encontra em um baixo patamar, reflexo dos efeitos da queda de atividade. O percentual é 9 pontos percentuais inferior à média histórica.1