Evento mostra tendências do mercado imobiliário pós-Covid 19 

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Evento mostra tendências do mercado imobiliário pós-Covid 19 
Bigucci, Del Mar e Suassuna, no evento virtual

As mudanças em curso na concepção de empreendimentos imobiliários e em sua construção, em função das mudanças de hábitos trazidos pela pandemia da Covid-19, bem como a formulação de contratos imobiliários e seu registro pela via eletrônica, foram os destaques do 6º Encontro de Construtores e Incorporadores.

Realizado pelo SindusCon-SP e pelo Secovi-SP (Sindicato da Habitação) em 28 de outubro, o encontro foi aberto por Jorge Batlouni Neto, vice-presidente de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP, e por Carlos Borges, vice-presidente de Tecnologia e Sustentabilidade do Secovi-SP. A mediação dos debates ficou a cargo de Milton Bigucci Jr., participante do Comitê de Tecnologia e Qualidade do SindusCon-SP.

Saulo Suassuna, CEO da Molegolar Habitação Modular, apresentou os resultados do projeto Pandebuilding, resultado de entrevistas e lives que captaram as novas tendências daquilo que provavelmente permanecerá, no âmbito da incorporação e da construção, mesmo depois da pandemia de Covid-19.

Ele informou que em breve estará disponível um portal contendo um protótipo de habitação reunindo todas as ideias e contribuições para este projeto, com soluções de incorporação e construção, e até um tour virtual.

As tendências detectadas contemplam a criação, nos apartamentos, de áreas de higienização, áreas internas para disposição de sapatos em ambas as entradas, ambiente para home office, áreas de exercícios com redução da sala de estar e jantar, e espaço gourmet com caráter funcional, preferivelmente na varanda.

Nas áreas comuns, há propostas como um delivery room, um pet place para exercícios, home offices coletivos, lojinhas de conveniência, implantação de anteparos nas academias, aparelhos para exercícios ao ar livre e salas de saúde e bem estar.

Indagado como viabilizar a comercialização devido ao custo maior das unidades, Suassuna afirmou que se pode bater na tecla de que o consumidor está comprando saúde.

Na era dos Jetsons 

Futuramente, imaginam-se espaços para a recepção de delivery por drones, uso de geladeiras 5 G que acionem o supermercado à medida que se esvaziem, parcerias com empresas de delivery, utilização de robôs que entreguem encomendas na porta dos apartamentos e programações para as entregas antecipadas das refeições solicitadas com maior frequência.

Nos escritórios, já se está mantendo distanciamento por anteparos de acrílico. Projetam-se salas mais amplas e arejadas, com uso de ar condicionado com renovação do ar; idealizam-se ambientes para quando se necessitar coworking; e nas lajes corporativas, devem voltar as divisórias quando se quiser manter a densidade do comparecimento presencial dos colaboradores.

Na gestão condominial, estão se instituindo protocolos de funcionamento e se aperfeiçoando esquemas de garantia da qualidade da água, gestão por startups integradas, gestão e manutenção de splits de ar condicionado, e gerenciamento de lixo.

Suassuna observou a importância de as prefeituras estarem abertas a ampliações de espaços e a não engessar as aprovações de empreendimentos. Há propostas para se excluir do coeficiente construtivo alguns desses novos ambientes, agilizar aprovações com responsabilidade por parte dos projetistas, estimular a adoção de parâmetros urbanísticos para varandas gourmets e para exercícios, deixar o mercado regular vagas de estacionamento, e regularizar o home office como sendo o endereço normal de trabalho.

Outras modalidades 

Para compatibilizar os orçamentos apertados dos empreendimentos do Programa Casa Verde e Amarela com as inovações, há sugestões como disponibilização de álcool em vez de áreas de higienização, e instituição de espaços de coworking nas áreas comuns, em vez de áreas para o home office dentro dos apartamentos.

Nas unidades com metragens menores, pode-se implentar o coliving: os apartamentos têm um quarto e banheiro privativos, e compartilham sala e cozinha, o que também estimularia o convívio social. Nas unidades mais compactas, a solução vem pelo compartilhamento de áreas comuns, podendo gerar uma comunidade. Na análise de Suassuna, estas soluções são boas alternativas para locação e para investidores, devido às baixas taxas de juros.

Unidades equipadas 

O CEO ainda observou que, nos países desenvolvidos, amplia-se a tendência de entrega das unidades com iluminação, móveis, equipamentos de cozinha e armários prontos, devendo no Brasil ganhar força a iOt (internet das coisas) e as assistentes eletrônicas pessoais.

Suassuna também comentou mudanças na comercialização: uso de e-books em vez de folhetos, e-meetings no lugar de visitas presenciais, e videoconferências em vez de convenções de vendas. Corretores online, tours visuais, e vendas por Whatsapp e redes sociais, estandes mais amplos e com distanciamento, com horário agendado, já são uma realidade.

Ele ainda mencionou as chamadas tecnologias disruptivas, como o uso do block chain; a tokenizaçao de imóveis, pela qual o interessado adquire somente um pedaço do imóvel, o que poderia trazer mais recursos para o setor; e o cartório digital e a assinatura digital.

Mudanças nos contratos 

Carlos Del Mar, membro do Conselho Jurídico da Presidência do Secovi-SP, explicou que uma Medida Provisória do ano de 2001, surpreendentemente ainda em vigor, criou a infraestrutura de chaves públicas brasileiras, dando segurança às transações eletrônicas.

Assim, multiplicam-se os contratos com assinaturas eletrônicas e certificações digitais, juridicamente reconhecidos pelo Superior Tribunal de Justiça, sem a necessidade de testemunhas.

Um provimento do Conselho Nacional de Justiça de maio de 2020 instituiu a plataforma e-Notariado, pela qual os atos notariais podem ser realizados sem comparecimento ao cartório. Em videoconferências gravadas se capta o consentimento das partes e pela internet, a assinatura digital dos contratos.

Em relação ao registro das transações com imóveis, o advogado destacou que a documentação deve ser assinada com certificado digital (e não apenas com assinatura eletrônica).

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