Construcarta Conjuntura: PIB tem a primeira queda por conta dos efeitos da pandemia

Redação SindusCon-SP

Por Redação SindusCon-SP

Construcarta Conjuntura: PIB tem a primeira queda por conta dos efeitos da pandemia

Dados divulgados pelo IBGE revelaram que o PIB do primeiro trimestre teve retração de 1,5% na comparação dessazonalizada com o período imediatamente anterior. Essa foi a maior queda nessa base de comparação desde o segundo trimestre de 2015, quando houve baixa de 2,1%. Na comparação com igual período de 2019, a variação do PIB ficou em -0,3%.

O resultado do período janeiro-março foi fortemente influenciado pelo desempenho do consumo das famílias, principal componente da demanda agregada, cuja queda foi de 2%, na comparação dessazonalizada com o trimestre anterior. No extremo oposto, a formação bruta de capital registrou alta de 3,1%. Por conta disso, a taxa de investimento subiu ligeiramente, chegando a 15,8% do PIB contra 15% em igual período do ano anterior. Dentre os demais componentes da demanda agregada, o consumo do governo teve alta de 0,2%, enquanto exportações e importações variaram -0,9% e +2,8%, respectivamente, todos indicadores frente ao trimestre anterior já livre de influências sazonais.

Dos três grandes setores da economia, indústria e serviços também tiveram queda frente ao último trimestre de 2019: 1,4% e 1,6%, respectivamente. Na contramão desse movimento, a agropecuária registrou alta dessazonalizada de 0,6%.

Para a construção, os números foram todos negativos apontando a reversão do ciclo de crescimento iniciado no ano passado. Em relação ao último trimestre de 2019, o PIB setorial registrou queda de 2,4%, resultado superado apenas pela indústria de transformação. Na comparação com o mesmo trimestre de 2019, a construção encolheu 1%, pondo fim a uma sequência de três trimestres de taxas positivas e levando o setor a retornar ao patamar de atividade do início de 2008.

Em geral, os números vieram em linha com as expectativas do mercado, influenciados pelo início dos efeitos do isolamento social. Outro consenso se refere às expectativas para o segundo trimestre, período em que a queda do indicador deve ser ainda mais profunda, podendo chegar aos dois dígitos.

A característica incomum da crise atual refere-se a seus impactos simultâneos sobre oferta e demanda agregadas, o que deve impor uma trajetória mais lenta de recuperação, mesmo com o progressivo afrouxamento do isolamento social. Assim, as restrições impostas sobre a operação das empresas, com destaque para comércio e serviços, se propagaram para a atividade industrial. Mas esse impacto sobre a oferta também teve como consequência uma onda expressiva de demissões. E, por sua vez, a queda no nível de emprego, somada à redução da confiança dos consumidores, também gerou a retração da demanda agregada, refletindo no consumo das famílias.

Em um cenário de redução simultânea do nível de emprego e da confiança, até mesmo a queda histórica da taxa de juros básica acaba tendo efeitos muito limitados enquanto estímulo ao gasto e ao nível de atividade. Vale notar ainda que o aumento das incertezas dos últimos meses contribui para afastar o investidor dificultando a retomada.

Por tudo isso, as expectativas de retração do PIB para o ano de 2020 já estão ultrapassando a marca dos 6%, o que representaria a maior recessão da história do país, a exemplo do que deverá acontecer com boa parte das economias do mundo.

A análise mensal do SindusCon-SP e da FGV/Ibre está disponível aqui.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O que você precisa saber.
As últimas novidades sobre o mercado,
no seu e-mail todos os dias.

Pular para o conteúdo