Artigo analisa efeitos da Covid-19 na construção de empreendimentos
Por Rafael Marko
Os reflexos das mudanças trazidas pela crise derivada da Covid-19 para a indústria da construção são objeto de uma extensa análise no artigo “Os desafios da verticalização urbana no pós-pandemia”, de autoria de Odair Senra, presidente do SindusCon-SP, e Jorge Batlouni Neto, vice-presidente de Tecnologia e Qualidade da entidade.
Publicado na revista Concreto & Construções, do Ibracon (Instituto Brasileiro do Concreto), em sua edição 99 (Julho-Setembro de 2020), o artigo analisa as diversas mudanças que já começam a ocorrer nos vários segmentos da construção civil.
“O desafio no segmento habitacional da baixa renda será projetar e construir empreendimentos com orçamentos bastante apertados, capazes de suprir minimamente a demanda habitacional. Isso deverá requerer projetos enxutos, eficientes em termos produtivos e bem dimensionados, com sistemas construtivos também mais produtivos e muita gestão”, diz o artigo.
Para os imóveis destinados ao segmento de renda média, os autores destacam a demanda por espaços para o exercício adequado do home office. Alertam que o desafio será construí-los de modo a que caibam no orçamento das famílias.
“Será preciso lançar mão de projetos muito bem arquitetados, com inovações construtivas, produtividade e boa gestão, para ofertar unidades mais amplas e ainda acessíveis a esse segmento. Ou projetar unidades mais versáteis que contenham um espaço adequado ao teletrabalho.”
Senra e Batlouni também comentam que nas unidades menores, construídas nas proximidades dos corredores viários, “criar espaços com privacidade para o trabalho remoto será um desafio e tanto”.
Já para o segmento de alta renda, será natural a busca por apartamentos amplos, com espaços para até mais de um escritório. “A permanência de um tempo maior dentro da residência levará à oferta de itens que proporcionem todo o conforto possível. E a preferência de localização do imóvel deste segmento deverá continuar sendo em locais nobres”, prossegue o artigo.
Com relação aos empreendimentos comerciais, os autores anteveem uma redução da área ocupada pelas empresas nas lajes corporativas em edifícios de escritórios e espaços de coworking, onde empresas distintas dividem o mesmo espaço, não simultaneamente. “Na medida em que o teletrabalho se consolide no pós-pandemia, o tamanho dos escritórios nesses empreendimentos naturalmente diminuirá.”
Sustentatibilidade
Senra e Batlouni chamam a atenção sobre o incremento de práticas de sustentabilidade, tanto na edificação dos empreendimentos como na sua operação pelos futuros usuários.
Afirmam ainda que as normas de prevenção à Covid-19 implementadas nos canteiros de obras vieram para ficar por um bom tempo. E descrevem a atuação conjunta na prevenção à pandemia, desenvolvida por SindusCon-SP, Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), Secovi-SP (Sindicato da Habitação), Seconci-SP (Serviço Social da Construção) e Sintracon-SP (Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção e do Mobiliário de São Paulo).
“Consciente das possíveis mudanças que ocorrerão no pós-pandemia, a indústria da construção já tem os meios para enfrentar todos esses novos desafios. E deverá responder à altura, tão logo surjam as condições para uma retomada consistente da economia, e com a expectativa de que a política econômica também encontre soluções para a volta do emprego e da renda aos cidadãos brasileiros, hoje tão afetados pela pandemia”, conclui o artigo.
Para ter acesso à edição completa da revista, clique aqui.