Resistir a tentações inflacionárias
A estabilidade de custos da construção é fundamental para a economia e o emprego
A indústria da construção foi o segundo setor que mais abriu novos empregos no país até agosto: 222.925, segundo o Ministério do Trabalho.
Manter este bom desempenho será um grande desafio em face de fatos como as altas dos preços do petróleo e das commodities, que podem levar a pressões inflacionárias sobre os preços dos insumos da construção, reverberando negativamente nos custos do setor.
Uma trajetória sem sobressaltos destes custos é fundamental para construtoras planejarem e executarem com previsibilidade as obras, gerando moradia e emprego. É indispensável para as famílias e os investidores decidirem empenhar recursos no longo prazo na aquisição de imóveis. É necessária para o alcance das metas de programas de governo como o Minha Casa, Minha Vida, e o PAC.
Sem essa estabilidade, reduzem-se os novos lançamentos imobiliários; construtoras sofrem prejuízos e desempregam; famílias e investidores se retraem e as vendas caem. O governo é obrigado a pagar mais pelas obras, sobrando ainda menos recursos no Orçamento para novos investimentos. Uma vez que cerca de 50% dos investimentos no país passam pela indústria da construção, a economia como um todo é abalada.
Os fatores decisivos para a estabilidade de custos são a concorrência entre os fornecedores de materiais, sistemas e serviços da construção, e a oferta de mão de obra qualificada. Sem concorrência, grupos reduzidos de fabricantes impõem aumentos de preços que as construtoras são obrigadas a sancionar para cumprir os prazos de entrega das obras. Havendo escassez de mão de obra, os prestadores de serviços ao setor elevam suas remunerações.
Perdem o setor, as famílias, os investidores e o governo. Também perdem os fornecedores e prestadores, que verão encolher as encomendas de seus produtos e serviços. Um tiro no pé.
