Pessimismo moderado volta a prevalecer na indústria da construção 

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Pessimismo moderado volta a prevalecer na indústria da construção 

Sondagem da FGV mostra incerteza em relação à política econômica do governo eleito 

A confiança dos empresários da construção retornou ao campo do pessimismo moderado. O Índice de Confiança da Construção (ICST) caiu 5,3 pontos em novembro, para 95,6 pontos. Trata-se da maior queda na margem desde abril de 2020 e do menor nível desde março de 2022 (92,9 pontos). Em médias móveis trimestrais, o índice recuou 0,9 ponto. 

Os dados são da Sondagem da Construção do FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas). A pontuação vai de 0 a 200, denotando confiança ou otimismo a partir de 100. A enquete colheu informações de 602 empresas entre os dias 3 e 24 de novembro. 

De acordo com Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre, depois de sete meses sinalizando um otimismo moderado, a percepção dos empresários do setor em relação aos negócios e a demanda para os próximos três meses sofreu um revés expressivo, que atingiu os três segmentos setoriais. “Vale notar que não houve nenhuma alteração substancial em relação aos fatores limitativos aos negócios – as assinalações das empresas no quesito demanda insuficiente até tiveram queda na comparação com outubro”, comenta a economista. 

“Assim, ficou evidente que o choque de expectativas pode ser associado aos resultados das eleições. As incertezas em relação à política econômica do próximo governo provocaram um receio de piora no ambiente futuro dos negócios. Por outro lado, o indicador relativo à atividade corrente continua sinalizando melhora. Ou seja, o setor está crescendo, mas o futuro é incerto”, assinala Ana Castelo. 

Expectativas em baixa 

A queda do ICST resultou da piora na percepção dos empresários sobre momento atual e, principalmente das expectativas para os próximos meses. 

O Índice de Situação Atual (ISA-CST) recuou 1,6 ponto, para 97 pontos, menor patamar desde agosto de 2022 (96,4 pontos). A queda se deveu à piora de seus dois componentes: o indicador que mede o volume de carteira de contratos, que caiu 1,7 ponto, para 98,8 pontos, e o indicador que mede a situação atual dos negócios, que recuou 1,4 ponto, para 95,2 pontos. 

O Índice de Expectativas (IE-CST) caiu pelo segundo mês consecutivo, 8,8 pontos, para 94,4 pontos, menor nível desde março (93,9 pontos). A queda foi influenciada pela piora das perspectivas sobre demanda, cujo indicador recuou 7,4 pontos, para 95,4 pontos, e pelo aumento do pessimismo em relação à tendência dos negócios nos próximos seis meses, cujo indicador caiu 10,1 pontos, para 93,4 pontos. 

Boa evolução dos negócios 

Em novembro de 2021, 31,2% dos empresários indicaram que a demanda insuficiente era uma limitação à melhoria dos negócios, contra 22,9% em novembro último. A redução indica que o ciclo de negócios evoluiu de forma favorável nestes últimos 12 meses. 

Em relação às perspectivas, a maior parcela relativa dos empresários da construção (22,1%) apontou que a demanda continuará crescendo, contra 13,7% que indicaram queda nos próximos meses. O saldo se mantém positivo, mas sofreu redução na comparação com novembro de 2021, quando 30,1% dos empresários afirmaram que a demanda iria crescer, enquanto 13,3% disseram que iria cair.

Utilização da capacidade 

O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) da Construção subiu 2,1 pontos percentuais (p.p), para 79,2%. Os Nucis de Mão de Obra e de Máquinas e Equipamentos subiram 2,2 e 2 p.p, para 80,4% e 73,9%, respectivamente.

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