Expectativas melhoram e elevam a confiança da construção, diz a CNI

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Expectativas melhoram e elevam a confiança da construção, diz a CNI

Mas segue negativa a percepção sobre as condições atuais da economia e do setor

Pelo terceiro mês consecutivo, o Índice de Confiança do Empresário da Indústria de Construção avançou em julho. Aumentou 1,5 ponto, passando para 53,7 pontos, próximo da média histórica, de 53,9 pontos.

Os dados são da Sondagem da Indústria da Construção da CNI (Confederação Nacional da Indústria), com base em informações coletadas de 3 a 11 de julho, de 338 empresas, sendo 125 pequenas, 139 médias e 74 grandes. A pontuação vai de 0 a 100, indicando confiança ou otimismo a partir de 50.

O Índice de Condições Atuais elevou-se em 1,3 ponto, passando a 48,1 pontos, e ainda denotando uma percepção pessimista, influenciada principalmente pela avaliação negativa das condições atuais da economia.

Já o Índice de Expectativa avançou 1,6 ponto, para 55 pontos, refletindo expectativas otimistas tanto para e empresa quanto para a economia brasileira.

O índice de expectativa em relação ao nível de atividade avançou 0,7 ponto, em relação a junho, ficando em 55 pontos. Já o índice de expectativa de novos empreendimentos e serviços recuou 0,2 ponto, mas permanece indicando expectativas de aumento, com 52,7 pontos.

O índice de expectativa de compras de insumos e matérias-primas mostrou avanço de 1,6 ponto, ficando em 54,5 pontos. O índice de expectativa do número de empregados cresceu 0,9 ponto, alcançando 53,9 pontos.

Intenção de investir

O índice de intenção de investimento avançou 2,4 pontos, atingindo o ponto mais alto do ano, em 46 pontos, acima da média histórica, de 36,8 pontos e à média realizada em 2022, de 44,4 pontos.

Insatisfação financeira

No segundo trimestre, a percepção de alta do preço dos insumos e matérias-primas foi menos intensa e disseminada entre os empresários, com o índice do preço médio dos insumos caindo 1,9 ponto na comparação com o primeiro trimestre de 2023. O indicador ficou em 58,4 pontos, o menor valor desde o primeiro trimestre de 2020.

A insatisfação com a margem de lucro operacional e com a situação financeira foram menores no segundo trimestre de 2023. Os indicadores avançaram 2,7 e 0,5 pontos respectivamente. Apesar do avanço, continuam sinalizando insatisfação dos empresários do setor.

A percepção de dificuldade de acesso ao crédito foi menos intensa e disseminada entre os empresários da construção.

Apesar do índice de facilidade de acesso ao crédito ter avançado 1,6 ponto na comparação com o primeiro trimestre de 2023, ele ficou em 38,1 pontos no segundo trimestre. Dessa forma, o índice permanece abaixo da linha de 50 pontos e abaixo do patamar registrado ao longo de 2022, o que indica dificuldade no acesso ao crédito, de forma mais intensa e disseminada que no último ano.

Atividade e emprego estáveis

O índice do nível de atividade ficou em 49,9 pontos em junho, registrando estabilidade na comparação com maio, quando o índice correspondeu a 49,8 pontos. O índice, próximo da linha divisória dos 50 pontos, que separa aumento de queda do nível de atividade, sinaliza que a variação da atividade foi pouco intensa e disseminada, sendo interpretada como estabilidade. Esse comportamento foi mais fraco em relação ao observado nos meses de junho dos últimos dois anos.

O índice do número de empregados também indicou estabilidade em relação a maio e ficou em 50 pontos. Assim como destacado para o nível de atividade, esses resultados sinalizam um menor dinamismo das atividades do setor.

Utilização da capacidade

Em junho, a Utilização da Capacidade Operacional (UCO) permaneceu estável na comparação com maio, em 67%. Trata-se do mesmo patamar que a UCO se encontrou em junho de 2022, mas 3,0 pontos percentuais (p.p.) acima do praticado em junho de 2021.

Projeção de crescimento

Ao divulgar os dados em 31 de julho, Ieda Vasconcellos, economista da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção), revisou para baixo a expectativa de crescimento do PIB da construção em 2023, em relação ao resultado de 2022: passou de 2% para 1,5%.

De acordo com a economista, a redução se deve aos juros elevados, à demora no anúncio das novas condições do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV) à redução de lançamentos imobiliários nos primeiros meses de 2023.

Para as expectativas otimistas em relação aos próximos meses colaboram: a decisão do Conselho Curador do FGTS que aumentou em quase R$ 30 bilhões o orçamento para o financiamento habitacional de 2023; as novas condições do MCMV; o novo programa de aceleração do crescimento (PAC), a ser anunciado neste mês; a aprovação da reforma fiscal; a tramitação da reforma tributária; e o início do ciclo de redução da taxa de juros.

Custos do setor

Presente à divulgação, Renato Correia, presidente da CBIC, comentou que apesar da desaceleração registrada nos últimos meses, o INCC/FGV permanece em patamar ainda elevado, superior à inflação oficial do país. De acordo com o presidente da CBIC, vale a pena reforçar o entendimento que o material de construção e equipamentos subiu 52,29% em três anos, de junho de 2020 a junho deste ano, já a inflação oficial subiu 25%.

“O setor não tem condições de absorver nenhum novo aumento de custos. O custo está estabilizado, mas em um patamar muito elevado. É importante estarmos atentos para que novos aumentos não prejudiquem a atividade. Não há mais margem de aumento material”, afirmou Correia.

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