Expectativas em baixa impulsionam declínio da confiança da construção em janeiro 

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Expectativas em baixa impulsionam declínio da confiança da construção em janeiro 

Percepção foi influenciada pela possibilidade de manutenção dos juros altos, analisa FGV/Ibre 

Impulsionado pelo aumento do pessimismo dos empresários do setor sobre a situação atual e, mais acentuadamente, futura dos negócios e da economia, o Índice de Confiança da Construção (ICST) caiu 1,7 ponto em janeiro, para 93,6 pontos, menor nível desde março de 2022 (92,9 pontos). Em médias móveis trimestrais, o índice recuou 2,4 pontos.  

Os dados são da Sondagem da Construção do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (FGV/Ibre), com base em informações de 606 empresas do setor, obtidas entre 2 e 24 de janeiro. A pontuação vai de 0 a 200, denotando otimismo a partir de 100.  

Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre, observa que a percepção dos empresários caiu na comparação com o último trimestre de 2022. Pelo quarto mês consecutivo, o ICST registrou queda, resultado atribuído à piora no ambiente corrente de negócios e nas expectativas. 

“As expectativas se deterioram mais nesses últimos meses, refletindo uma percepção de maior incerteza para os negócios ante a possibilidade de manutenção das taxas de juros em níveis elevados por mais tempo. De todo modo, na comparação com o cenário de um ano atrás, a confiança do setor em janeiro ainda se mantém ligeiramente maior: nos últimos 12 meses, houve uma desaceleração expressiva dos custos da matérias-primas, que contribuiu para diminuição das dificuldades percebidas pelas empresas”, comenta Ana Castelo. 

Percepções declinantes 

A queda do ICST foi influenciada negativamente tanto pelo Índice de Situação Atual (ISA-CST) quanto pelo Índice de Expectativas (IE-CST). 

O ISA-CST caiu 1,5 ponto, para 95,1 pontos, menor nível desde julho de 2022 (94,8 pontos). Contribuíram para esse resultado os dois indicadores que compõem o ISA-CST: o de situação atual dos negócios recuou 1,8 ponto, para 93,2 pontos, e o do volume de carteira de contratos cedeu 1,1 ponto, para 97 pontos. 

Do lado das expectativas, o IE-CST caiu 2,1 pontos, para 92,2 pontos, menor nível desde maio de 2021 (89 pontos). Esse resultado decorreu da queda da demanda prevista, cujo indicador caiu 2,9 pontos, para 93,4 pontos, e o indicador de tendência dos negócios recuou 1,7 ponto, para 91,2 pontos. 

Infraestrutura menos pessimista 

O pessimismo em janeiro não se mostrou disseminado por todos os segmentos setoriais. Na comparação interanual, o Indicador de Confiança foi sustentado por uma melhora expressiva na percepção em relação à situação corrente dos empresários ligados à infraestrutura. Em menor magnitude também cresceu o ISA das empresas de Edificações. 

Por outro lado, a queda nas expectativas afetou todos os segmentos, revelando o efeito mais disseminado das incertezas. 

Utilização da capacidade 

O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) da Construção subiu 0,6 ponto percentual (p.p.), para 78,9%. O Nuci de Mão de Obra subiu 0,8 p.p., para 80,4%, enquanto o Nuci de Máquinas e Equipamentos ficou estável ao variar -0,1 p.p., para 71,8%.

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