Empresário do setor: nem confiança nem falta de confiança 

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Empresário do setor: nem confiança nem falta de confiança 

Sondagem da CNI aponta a alta dos juros como o principal entrave aos negócios 

Como consequência da piora sobre as condições atuais do negócio, os empresários da construção não denotam nem confiança nem falta de confiança. Em abril, o Índice de Confiança do setor caiu 1,1 ponto, para 50 pontos. 

Este foi o resultado da Sondagem da Construção da CNI (Confederação Nacional da Indústria), com informações colhidas entre 3 e 13 de abril de 356 empresas, sendo 136 pequenas, 141 médias e 79 grandes. A pontuação vai de 0 a 100, denotando otimismo ou confiança a partir de 50. 

A percepção dos empresários da indústria da construção em relação às condições correntes tem sido negativa desde janeiro de 2023. Em abril, o índice de Condições Atuais ficou em 43,7 pontos, menor valor desde abril de 2021, após queda de 2,1 pontos na comparação com março. 

Avalições mais pessimistas estão mais disseminadas entre os empresários, tanto para a economia brasileira quanto para as condições da empresa. Os indicadores que mensuram essas percepções também são os menores desde abril de 2021. 

Expectativas  

O Índice de Expectativa caiu 0,7 ponto, para 53,1 pontos. O otimismo é sustentado por perspectivas positivas para os próximos meses sobre a empresa. 

Já as expectativas para a economia brasileira seguem no campo negativo desde novembro de 2022 e tornaram-se mais negativas na passagem de março para abril. 

Os empresários mantiveram expectativas positivas para todas as variáveis analisadas. Esperam altas do nível de atividade, do número de novos empreendimentos e serviços, da compra de insumos e do número de empregados nos próximos seis meses. 

O índice de expectativa em relação ao nível de atividade apresentou queda de 1,8 ponto em abril ante março, ficando em 52,5 pontos, enquanto o índice de expectativa de compra de insumos e matérias-primas ficou estável em 52,1 pontos. 

Já o índice de expectativa de novos empreendimentos e serviços aumentou 0,7 ponto, ao passar de 52,2 pontos em março para 52,9 pontos em abril. O índice de expectativa do número de empregados apresentou redução de 1 ponto, encerrando abril em 52,4 pontos. 

Condições financeiras pioram 

No primeiro trimestre, a percepção de alta do preço dos insumos e matérias-primas foi menos intensa e disseminada entre os empresários, com o índice do preço médio dos insumos caindo 2,3 pontos na comparação com o quarto trimestre de 2022. O indicador ficou em 60,3 pontos, o menor valor desde o segundo trimestre de 2022. 

A insatisfação com a margem de lucro operacional e com a situação financeira aumentou no primeiro trimestre. Ambos os indicadores recuaram 2,5 pontos, ficando mais distantes da linha de 50 pontos que separa insatisfação e satisfação. 

A percepção de dificuldade de acesso ao crédito foi mais intensa e disseminada entre os empresários da construção. 

O índice de facilidade de acesso ao crédito recuou 2,1 pontos ante o quarto trimestre de 2022, ficando em 36,5 pontos. Esse é o menor valor desde o primeiro trimestre de 2021, ou seja, revela forte dificuldade de acesso ao crédito. 

Juros, principal problema 

A elevada taxa de juros passou a ser apontada como o principal problema enfrentado pela indústria da construção no terceiro trimestre de 2022, indicando sua importância crescente para o setor desde então. No primeiro trimestre de 2023, 37,4% das empresas assinalaram a taxa de juros como um dos três principais problemas enfrentados no período, um crescimento de 6,8 pontos percentuais ante o quarto trimestre de 2022. 

O segundo problema mais citado foi a elevada carga tributária, seguido pela falta ou alto custo da matéria-prima. Esse deixou de ser o principal problema no terceiro trimestre de 2022, quando caiu 20,6 pontos percentuais ante o segundo trimestre de 2022, dando o primeiro sinal de melhoria significativa. 

Embora a sinalização de dificuldade para aquisição da matéria-prima tenha se reduzido a 21,3%, o problema permanece com percentual de assinalações relativamente elevado. Antes das dificuldades trazidas pela pandemia às cadeias produtivas, a média de assinalações era de 8,2%. Isso indica que, apesar do recuo dos últimos trimestres, a falta ou alto custo da matéria prima permanece pressionando o setor de maneira relevante. 

Intenção de investir 

Em abril, o índice de intenção de investimento da indústria da construção recuou 5,5 pontos, para 39,8 pontos, após dois meses consecutivos de alta. Esse valor é 3,2 pontos superior à média histórica (36,6 pontos) e 4,6 pontos inferior à média de 2022 (44,4 pontos). 

Atividade e emprego  

O índice do nível de atividade ficou em 49,5 pontos em março, registrando avanço de 3,5 pontos com relação a fevereiro. O índice, próximo da linha divisória dos 50 pontos que separa aumento de queda do nível de atividade, sinaliza que o recuo da atividade foi pouco intenso e disseminado. 

A queda de atividade na passagem de fevereiro para março é também a menos intensa da sequência de quedas iniciada em novembro de 2022. 

O índice do número de empregados ficou em 49,2 pontos, representando aumento de 1,6 ponto ante fevereiro. Assim como destacado para o nível de atividade, a queda do emprego foi a menos intensa e disseminada em março no intervalo de cinco meses em que houve recuo. 

Utilização da capacidade 

Em março, a Utilização da Capacidade Operacional (UCO) avançou 1 ponto percentual na comparação com fevereiro, de 65% para 66%. 

A UCO tem oscilado entre 65% e 66% desde dezembro de 2022, indicando relativa estabilidade no período.

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