ConstruCarta Conjuntura: O PIB e os limites do possível

Redação SindusCon-SP

Por Redação SindusCon-SP

ConstruCarta Conjuntura: O PIB e os limites do possível

A julgar pela ata do COPOM, o Comitê está do lado dos mais otimistas

O PIB brasileiro contrariou a quase totalidade das previsões feitas ao longo do ano passado e fechou 2023 com crescimento de 2,9% segundo o IBGE. A agropecuária foi o grande destaque, com alta de 15,1%, seguida do setor de serviços (2,4%) e da indústria (1,6%). A despeito da variação positiva no último trimestre, a construção fechou o ano com retração de 0,5%.


Na série trimestral, já livre de influências sazonais, a variação no último quarto do ano passado foi zero, próximo da mediana das estimativas de mercado. O setor industrial registrou alta de 1,3% e os serviços de 0,3%, enquanto a agropecuária recuou 5,3%. Os principais destaques negativos foram a indústria de transformação, com queda de 0,2%, e o comércio, com queda de 0,8% – sempre na comparação dessazonalizada com o trimestre anterior. Por outro lado, a construção surpreendeu positivamente com crescimento de 4,2% na mesma comparação.


No comparativo com igual período de 2022, houve alta do PIB de 2,1%. Nessa base de comparação, a indústria teve alta de 2,9%, os serviços de 1,9% e a agropecuária teve crescimento zero. Novamente, o destaque negativo ficou por conta da indústria de transformação, com queda de 0,5%, e do comércio, com queda de 0,1%.


O bom desempenho de 2023 merece ser comemorado. Em termos per capita houve crescimento real do PIB de 2,2%, o que sugere elevação do bem-estar material da média da população. Essa foi a terceira alta consecutiva desse indicador após a queda acentuada verificada em 2020 por conta dos efeitos da pandemia (-4%).


O ponto de atenção se refere à evolução da demanda frente à capacidade produtiva da economia. Nesse sentido, a taxa de investimento (formação bruta de capital fixo como percentual do PIB) recuou na comparação anual, passando de 17,8% em 2022 para 16,5% em 2023. Esse indicador sugere que o potencial de crescimento do PIB brasileiro, dado pela expansão da capacidade produtiva de pessoas e empresas e pela evolução da produtividade, deve ser hoje da ordem de 1,8% a 2% ao ano segundo a média das estimativas de mercado. O Ministério da Fazenda, mais otimista, estima que a taxa de crescimento do PIB potencial seria de 2% a 2,5%.


Por conta das controvérsias em torno dessas estimativas, a “prova” acaba ficando para o comportamento da inflação. Assim, se a demanda agregada cresce à frente da oferta potencial o resultado é a alta de preços, mesmo diante da ausência de pressões sobre os custos – como altas nos preços das commodities, quebras de safra ou elevações na taxa de câmbio.


Nesse cenário, a reação do Banco Central na próxima reunião do COPOM vai merecer atenção especial. Se o Bacen se mostrar mais pessimista quanto ao potencial de crescimento da economia, é possível que coloque um freio de arrumação nos cortes de juros. Mas, se estiver otimista como a Fazenda, a trajetória de queda da Selic deverá continuar.


A julgar pela ata do COPOM dos dias 30 e 31 de janeiro passado, o Comitê está do lado dos mais otimistas, dado que projeta inflação de 3,5% para 2024, abaixo dos 4,62% registrados no acumulado do ano passado. Na próxima reunião, marcada para o final de março, os diretores do Bacen já estarão diante dos resultados do PIB e poderão reavaliar sua visão sobre o crescimento potencial. Por tudo isso, ler com atenção a próxima ata será ainda mais relevante.

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