ConstruCarta Conjuntura: Previsões, expectativas e tomada de decisão olhando para 2024

Redação SindusCon-SP

Por Redação SindusCon-SP

ConstruCarta Conjuntura: Previsões, expectativas e tomada de decisão olhando para 2024

Se tudo isso faz mesmo sentido……..veremos novo ajuste de expectativas em breve

Lidar com a incerteza é algo que os economistas têm que fazer todos os dias. Afinal, consumidores, empresários, sindicatos, governos, todos nós, enfim, temos que tomar decisões cujos resultados se desdobram no tempo. E a única coisa que se sabe sobre o futuro é que ele é incerto.

Por isso existem tantos modelos econométricos voltados a fazer previsões (forecasts, em inglês). Esses modelos pretendem realmente projetar algumas variáveis de interesse com um mínimo de precisão, reduzindo a incerteza. Mas expectativas são outra coisa. Elas também são utilizadas para a tomada de decisão, mas reconhecem que o grau de incerteza é elevado. De certa forma, são a “melhor aposta” quanto ao futuro de alguma variável. Escolher um fundo de renda fixa, comprar um terreno para um futuro lançamento e mesmo escolher um parceiro para um compromisso sério são decisões que envolvem expectativas, pois não há modelo econométrico que dê conta da incerteza envolvida. Ainda que sejam usados, esses modelos apenas ajudam a calibrar as expectativas que, de resto, têm muito de medo, esperança, desejo e preconceito, tudo misturado.

Efetivamente, o cenário recente se tornou mais favorável. O Indicador de Incerteza do FGV IBRE apontou que o nível de incerteza econômica é o menor desde 2017.

De acordo com o IBRE, a queda do IIE-Br nos últimos meses tem relação com a melhoria das perspectivas para o cenário macroeconômico do país, com redução também de incertezas fiscais e políticas nos últimos meses.

Um exemplo evidente dessa melhora é o Relatório Focus. Ao longo deste ano, as expectativas de mercado reunidas por essa enquete do Banco Central foram mudando continuamente. No que se refere ao PIB, por exemplo, as mudanças foram quase sempre para melhor. Na edição de 4 de agosto, a projeção mediana era de alta de 2,26% para 2023. No início do ano, essa mesma projeção era de cerca de 0,5%.

Ainda assim, as projeções para o PIB de 2024 seguem baixas de apenas 1,3%. Mas, por quê? Segundo o Monitor do PIB do FGV IBRE há indícios de que a economia brasileira desacelerou no segundo trimestre. Os dados do IBGE a serem divulgados nos próximos dias dirão se essa previsão (forecast) realmente se confirmou. Ocorre que o PIB do primeiro trimestre deste ano foi 4% superior ao de igual período de 2022. Ou seja, a menos que a atividade econômica tivesse sofrido uma “queda livre” entre maio e julho – o que certamente não ocorreu –, ainda estaremos acima dos patamares de PIB do ano passado.

Somado a tudo isso, o início do ciclo de queda de juros ocorrido em agosto certamente irá começar a influenciar as expectativas para o crescimento em 2024 em breve. Mas é possível dizer, utilizando um jargão de sabor jornalístico, que o mercado está cauteloso em relação ao ritmo de crescimento no próximo ano. Mas todos já vimos algo assim. Em 2022, devido ao clima político excessivamente polarizado, as expectativas revelaram um forte choque pessimista logo após o segundo turno. A melhora ocorrida ao longo do primeiro semestre deste ano representou a volta a uma certa normalidade, passados os temores exagerados do final do ano passado. Mas, ao que parece, ainda existe uma certa sombra de pessimismo residual influenciando as expectativas para 2024.

É claro que o caminho do crescimento não está totalmente pavimentado. A continuidade do ciclo de queda de juros, por exemplo, depende muito do comportamento da inflação. E esta, por sua vez, sempre pode ser afetada pela verdadeira montanha russa dos preços das commodities internacionais e do câmbio. Ainda assim, esses condicionantes sugerem cautela, não pessimismo.

Se tudo isso faz mesmo sentido e se os condicionantes forem favoráveis, veremos novo ajuste de expectativas em breve. Desta vez, sobre o ritmo de crescimento de 2024. Que assim seja!

Leia a íntegra da análise Construcarta Conjuntura 795 elaborada pelo FGV/Ibre para o SindusCon-SP aqui:

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