Construcarta Conjuntura: Inflação fecha 2023 dentro do intervalo da meta, mas acelerando

Redação SindusCon-SP

Por Redação SindusCon-SP

Construcarta Conjuntura: Inflação fecha 2023 dentro do intervalo da meta, mas acelerando

Caso essa projeção se confirme, teríamos a inflação dentro da meta pelo segundo ano consecutivo

Os dados relativos ao IPCA de dezembro trouxeram boas e más notícias. A boa notícia é que, contrariando as expectativas que predominaram até meados do ano, a inflação fechou dentro da meta do Banco Central, cujo centro era 3,25% e o limite superior, 4,75%. A má notícia é que o índice fechou o ano novamente pressionado pelos preços dos alimentos, justamente a categoria que contribuiu com a desaceleração registrada sobretudo no segundo semestre.

Segundo o IBGE, a alta do IPCA em dezembro foi de 0,56%, abaixo do registrado em igual mês de 2022, quando o indicador teve variação de 0,62%. Na comparação com novembro, no entanto, é possível notar a aceleração. Naquele mês, a alta do IPCA havia sido de 0,28%. Com isso, o índice fechou o ano com alta acumulada de 4,62%.

Muito embora esse resultado tenha ficado claramente acima do centro da meta (3,25%), também foi muito melhor do que as expectativas de mercado formadas desde o início até meados do ano passado. Em janeiro de 2023, por exemplo, as projeções do Relatório Focus estavam em torno de 5,4%, chegando a 6% em maio. O comportamento favorável da inflação sobretudo entre julho e novembro revelou que o Banco Central estava certo quando deu início ao ciclo de queda da Selic em agosto com base em suas próprias projeções de convergência do IPCA para o centro da meta.

O elemento de preocupação revelado pelos dados de dezembro ficou por conta do perfil da alta de preços. Não apenas houve aceleração frente a novembro, como também se registrou forte pressão dos alimentos que se intensificou na comparação com o mês anterior quando já se notava essa mesma dinâmica. Sempre segundo o IBGE, os preços de alimentos e bebidas registrou alta de 1,11% em dezembro contra 0,63% no mês anterior. Com isso, essa categoria foi responsável por mais de 40% da variação do índice em dezembro e 46% em novembro. Outro ponto de atenção se refere ao fato de que todas as categorias registraram variação positiva no último mês de 2023. Em novembro, artigos de residência, vestuário e comunicação haviam registrado queda de preços.

Parte desse comportamento dos preços dos alimentos é certamente sazonal, associado às festas de final de ano. Mas parte também se deve às condições climáticas atípicas. Dado o peso dessa categoria na composição total do IPCA (19,3%), em um cenário de continuidade das pressões vindas desses preços, o comportamento da inflação ao longo do ano frente à meta de 3% (tolerância até 4,5%) pode ficar comprometido. Apesar desses sinais, as expectativas do Focus colhidas pelo Banco Central no último dia 12 projetam alta de 3,9% para o IPCA com a Selic chegando a 9% ao final do ano. Caso essa projeção se confirme, teríamos a inflação dentro da meta pelo segundo ano consecutivo, com mais alguns cortes da taxa de juros básica nos primeiros meses do ano. Infelizmente, um fator que contribui para isso nesse cenário é a desaceleração da atividade econômica. A mesma edição do Focus sugere crescimento do PIB pouco abaixo de 1,6% no próximo ano.

Leia a íntegra da análise elaborada pelo FGV/Ibre especialmente para o SindusCon-SP aqui.

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