ConstruCarta Conjuntura: Avaliando a calmaria inflacionária

Redação SindusCon-SP

Por Redação SindusCon-SP

ConstruCarta Conjuntura: Avaliando a calmaria inflacionária

Todos esses resultados deixam claro que ainda existem pressões importantes

Os principais índices de inflação do Brasil encerraram 2022 claramente abaixo dos picos recentes: 36,5% no caso do IGP-DI (maio de 2021) e 12,13% no caso do IPCA (abril de 2022).

Na ponta do consumidor, o IPCA, índice oficial do regime de metas do Banco Central, registrou alta de 0,62% em dezembro, 0,21 ponto percentual acima da variação do mês anterior (0,41%). Com isso, a alta do IPCA acumulada no ano chegou a 5,79%. Já o IGP-DI teve variação de 0,31% em dezembro após ter apresentado deflação de 0,18% no mês anterior. De janeiro a dezembro de 2022, o IGP-DI acumulou alta de 5,03%, ficando, portanto, abaixo do IPCA.

Essa troca de posições, com o IGP ligeiramente acima do IPCA no acumulado do ano passado, se deve à maior influência dos preços no atacado na composição do IGP (60%), cuja alta ficou em 4,70%. Ao mesmo tempo, os preços no varejo voltaram a ficar pressionados na medida em que os efeitos da desoneração dos combustíveis na ponta do consumidor foram sendo diluídos nos meses finais do ano, sobretudo devido à persistência da alta nos preços dos alimentos e de alguns serviços prestados às famílias.

Nesse sentido, em dezembro, todas as categorias que compõem o IPCA apresentaram variação positiva, com destaque para o grupo saúde e cuidados pessoais, com alta de 1,60%, vestuário (1,62%) e alimentação (0,66%). Juntos, esses três grupos foram responsáveis por cerca de 2/3 da alta total do IPCA em dezembro.

No caso dos dois primeiros grupos, ainda é possível apontar para um processo de descompressão de margens, dado que cuidados pessoais e vestuário estão entre os segmentos que mais sofreram durante a pandemia e, possivelmente, atravessam agora um movimento de recomposição de margens no varejo.

No caso do IGP, as pressões em dezembro vieram sobretudo das matérias-primas brutas, categoria cuja variação chegou 2,28% em dezembro após a queda de 1,15% em novembro. Alguns destaques foram o minério de ferro, cuja variação passou de -1,17% para 16,75% no mesmo período, café em grão (de -16,66% para 5,19%) e bovinos (de -1,65% para 2,57%).

Todos esses resultados deixam claro que ainda existem pressões inflacionárias importantes, tanto no atacado quanto no varejo. Isso coloca no horizonte como cenário mais provável um novo descumprimento da meta inflacionária em 2023 (3,25% para o IPCA, com 1,5 ponto percentual de tolerância para mais ou para menos). E esse mesmo cenário torna ainda mais crítica a discussão de uma eventual reoneração dos combustíveis no futuro próximo, cujos efeitos sobre a inflação seriam simétricos – ainda que com sinal trocado – aos registrados em 2022, quando se obteve uma calmaria inflacionária apenas pontual.­­­­­­­

As informações são da análise elaborada pelo FGV/Ibre, especialmente para o SindusCon-SP.

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