Construção está menos confiante no presente, mas otimista sobre a demanda futura

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Construção está menos confiante no presente, mas otimista sobre a demanda futura

Avaliação mais negativa do ambiente de negócios pesou no resultado, diz a FGV

O Índice de Confiança da Construção (ICST) caiu 1 ponto em março, atingindo 96,6 pontos, revertendo mais da metade de alta observada em fevereiro. Na média móvel trimestral, o índice ficou relativamente estável, ao variar 0,2 ponto.

Os dados são da Sondagem da Indústria da Construção do FGV Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), com base em informações de 583 empresas, coletadas entre 1º e 21 de março. A pontuação vai de 0 a 200, denotando confiança ou otimismo a partir de 100.

De acordo com Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV Ibre, o avanço dos dois últimos meses não se sustentou: a confiança setorial caiu com a avaliação mais negativa em relação ao ambiente de negócios. “As dificuldades de acesso ao crédito e à mão de obra qualificada continuam afetando parcela expressiva das empresas. No entanto, o setor se manteve otimista em relação à demanda dos próximos meses”, ressalva.

Para a economista, “vale destacar o segmento de Preparação de Terrenos, que é antecedente ao ciclo de produção, que registrou melhora expressiva da atividade em março, reforçando as perspectivas mais favoráveis para o setor. Na comparação com o último trimestre de 2023, o primeiro trimestre deste ano termina com melhora da confiança.”

O resultado do ICST foi influenciado pela piora das avaliações sobre o momento atual e das perspectivas para os próximos meses. Um dos componentes do ICST, o Índice de Situação Atual (ISA-CST), teve maior influência na queda, com recuo de 1,4 ponto, para 94,1 pontos. Esse declínio foi exclusivamente atribuído ao indicador de situação atual dos negócios, que caiu 3,2 pontos, para 93,5 pontos. Já o indicador de volume da carteira de contratos teve aumento de 0,3 ponto, alcançando 94,6 pontos.

O outro componente do ICST, o Índice de Expectativas (IE-CST), apresentou uma queda mais modesta, de 0,3 ponto, para 99,4 pontos. Os dois indicadores que compõem este índice tiveram variações opostas: o de demanda prevista para os próximos três meses subiu 1 ponto, para 100,5 pontos, enquanto o indicador de tendência dos negócios nos próximos seis meses cedeu 1,6 ponto, para 98,2 pontos.

Expectativas em alta

As empresas do segmento de Infraestrutura, especialmente de Obras Viárias, chegaram ao fim do primeiro trimestre com os maiores índices de confiança. No entanto, na comparação com o último trimestre de 2023, a maior alta relativa ocorreu entre as empresas do segmento de Obras Residenciais. Nesse segmento, o Índice de Expectativas (média do trimestre) avançou mais de 22 pontos, refletindo o otimismo dessas empresas com a demanda prevista.

“Se em 2023, o mercado imobiliário mostrou grande resiliência ante as altas taxas de juros, em 2024, há forte expectativa de retomada mais vigorosa das vendas”, afirma Ana Castelo.

Utilização da Capacidade

O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) da Construção variou 0,2 ponto percentual em março, para 78,3%.

O Nuci de Mão de Obra permaneceu estável neste mês, mantendo-se nos 79,7%, enquanto o Nuci de Máquinas e Equipamentos cedeu 0,8 p.p., para 73,5%.

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