Construção articula-se para enfrentar problemas da cadeia produtiva

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Construção articula-se para enfrentar problemas da cadeia produtiva

Proposta pelo SindusCon-SP, escassez de mão de obra será objeto de ações conjuntas

O grupo Entidades do Mesmo Lado, que reúne o SindusCon-SP e entidades da cadeia produtiva da construção e da indústria imobiliária, formou um grupo de trabalho que irá elencar os principais problemas enfrentados atualmente pelo setor, visando uma atuação conjunta para enfrentá-los.

A decisão foi tomada na reunião do grupo coordenada por Luiz França, presidente da Abrainc (Associação Brasileira das Incorporadoras Imobiliárias), em 10 de abril, com a participação de Filemon Lima, gerente de Relações Institucionais do SindusCon-SP.

Lima relatou as ações que o SindusCon-SP está realizando para enfrentar o desafio da escassez de mão de obra e propôs que na próxima reunião do grupo este tema seja tratado. Por sugestão de França, foi montada o grupo de trabalho que tratará desta e de outras questões críticas, com a participação do SindusCon-SP.

Falta de conformidade

Rodrigo Navarro, presidente da Abramat (Associação Brasileira da Indústria de Materiais de Construção), listou as dificuldades deste setor: falta de conformidade técnica de materiais no mercado (especialmente nos segmentos de cabos elétricos, cerâmicas, esquadrias e tintas, entre outros), questões tributárias, e dificuldade de inovar com sustentabilidade ambiental e ao mesmo tempo econômica. Relatou que o setor propôs que os materiais também sejam isentos de tributação quando acompanharem bens de capital isentos, e que se acelere nos três primeiros anos da reforma tributária a equalização tributária da construção industrializada com a realizada no canteiro.

Outro pleito da Abramat é a exclusão gradual dos materiais do regime paulista de substituição tributária. Em relação aos materiais não conformes, Navarro relatou que a entidade está trabalhando para incluir no código de barra desses insumos um número a mais, indicando estarem certificados.

José Jorge Chaguri Jr., presidente do Conselho Deliberativo da Abrinstal (Associação Brasileira pela Conformidade e Eficiência de Instalações), chamou a atenção de que há uma grande gama de produtos que não têm norma técnica, como os carregadores de carros elétricos.

Felipe Gatera, da Afeal (Associação dos Fabricantes de Esquadrias de Alumínio), observou que o mercado deste setor avançou muito nos últimos anos, com novos sistemas que trazem desempenho térmico e acústico, e aumento do volume de produção e da qualidade. Entretanto, o executivo criticou que a produção de esquadrias em canteiros de obras persista. Disse que o segmento ainda enfrenta a escassez de mão de obra qualificada. Defendeu ainda o avanço da coordenação modular.

Construção industrializada

Luiz Antonio Martins, presidente executivo da ABCLS (Associação Brasileira de Construção Leve e Sustentável), comentou que hoje há condições de industrialização na construção, exemplificando que uma casa pode ser montada em dois dias. No litoral, acrescentou, foram construídas mais de 518 casas em seis meses, após as fortes chuvas ocorridas em 2023.

Entretanto, prosseguiu Martins, persistem problemas com não conformidade técnica e confecção no canteiro comprometendo a qualidade. Defendeu a necessidade de potencializar as ações propostas pelo programa Construa Brasil, do governo federal. E propôs articulação com o Grupo de Trabalho de Sustentabilidade que nasceu dentro do PBQPH (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat) e hoje é interministerial.

A AsBEA-SP (Associação Regional de Escritórios de Engenharia e Arquitetura de São Paulo) informou que realizará um seminário sobre construção industrializada residencial em setembro.

Mercado Imobiliário

Eduardo Zylberstajn, consultor da Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), comentou que as várias reformas estruturais feitas ao longo dos últimos anos contribuíram para que o crescimento do PIB geralmente tivesse ocorrido em níveis acima dos previstos pelos economistas no início de cada ano. O mesmo deve acontecer neste ano, acrescentou.

Ele mostrou os indicadores da Abecip que confirmam o salto de vendas dado pelo mercado imobiliário nos últimos anos, acompanhado de uma relativa redução do estoque de imóveis residenciais novos e de um baixo número de distratos. Destacou o ritmo elevado das vendas no segmento habitacional popular. Já os lançamentos de alto e médio padrão têm se reduzido, enquanto os de habitação econômica aumentaram, acrescentou.

O economista observou que a redução da taxa Selic ainda não se reflete nos juros do financiamento imobiliário. Previu que o atual ciclo de expansão do mercado habitacional deva se manter ao longo dos próximos anos, acompanhado de uma esperada queda dos juros nos financiamentos. Mostrou que a rentabilidade dos aluguéis (em relação ao preço dos imóveis novos e usados, medidos pelo índice Zap/Fipe) tem se elevado.

Zylberstajn destacou o aumento expressivo da massa de rendimento no país a partir de 2021/2022, com impacto na economia. “A questão é se esse ritmo deverá se manter, acredito que ainda persistirá por algum tempo. Passada a pandemia, hoje a economia do Brasil está em pouso suave, com a inflação voltando à meta, sem causar recessão, e com crescimento expressivo do emprego, afirmou. Entretanto, se a inflação recrudescer, o ritmo da queda dos juros arrefecerá. E ainda há que se levar em conta incertezas do cenário externo, como as guerras atuais.”

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