Confiança da construção declina ante expectativa de menos contratos

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Confiança da construção declina ante expectativa de menos contratos

 Pessimismo moderado do setor é maior do que há um ano, apura o FGV/Ibre 

O Índice de Confiança da Construção (ICST) se manteve relativamente estável em dezembro, ao cair 0,3 ponto, para 95,3 pontos – o menor nível desde março de 2022 (92,9 pontos). Em médias móveis trimestrais, o índice recuou 2,1 pontos. 

Este foi o resultado da Sondagem da Construção do FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), realizada com informações de 605 empresas, entre 1 e 23 de dezembro de 2022. A pontuação vai de 0 a 200, denotando confiança ou otimismo a partir de 100. 

De acordo com Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre, nos últimos dois meses passou a prevalecer um pessimismo em relação à evolução da demanda. “O Indicador de Expectativas alcançou dezembro abaixo de 100, o que representa um pessimismo maior do que há um ano. Ou seja, os empresários já antecipam um arrefecimento da retomada. Vale notar que a atividade ainda deverá refletir esse ciclo recente por algum tempo, mas deve perder força com a queda na demanda.”  

A percepção dos empresários e executivos do setor mudou. “O sentimento empresarial ao longo de todo o ano sinalizou a retomada da construção, que chegou ao final de 2022 com números de PIB e de emprego que mostram um crescimento expressivo. A desaceleração do ritmo de alta dos custos representou um alívio – nos quesitos da Sondagem sobre limitação à melhoria dos negócios, o custo da matéria-prima perdeu o protagonismo até para as assinalações de ‘nenhuma dificuldade’”, analisa Ana Castelo. 

Situação atual e expectativas 

Em dezembro, a queda do ICST resultou principalmente da piora na percepção dos empresários sobre momento atual. O Índice de Situação Atual (ISA-CST) – um dos componentes do ICST – recuou 0,4 ponto, para 96,6 pontos, menor nível desde agosto deste ano (96,4). 

Contribuíram para esse resultado o indicador que mede o volume de carteira de contratos, que caiu 0,7 ponto, para 98,1 pontos, e o indicador de situação atual dos negócios que variou 0,2 ponto negativo, para 95 pontos. 

Já o Índice de Expectativas (IE-CST) – outro componente do ICST – ficou praticamente estável, ao variar -0,1 ponto, para 94,3 pontos – menor patamar desde março de 2022 (93,9 pontos). O indicador de tendência dos negócios nos próximos seis meses caiu 1,1 ponto, para 92,3 pontos. Já o indicador de demanda prevista nos próximos três meses subiu 0,9 ponto, para 96,3 pontos. 

Demanda prevista 

Na comparação com novembro, o Indicador de Demanda Prevista (DP) teve pequena elevação, (0,9 ponto) em dezembro, mas não compensou a forte queda observada no mês anterior (7,4 pontos). No mercado de Edificações Residenciais, que tem se destacado na retomada setorial recente, o indicador de DP, depois de sofrer uma queda de 10,9 pontos em novembro, subiu 4,5 pontos em dezembro, na comparação com ajuste sazonal. 

Para Ana Castelo, a recuperação parcial reflete uma sinalização por parte do novo governo de retomada do Programa Minha Casa, Minha Vida. “Se por um lado, as altas taxas de juros do crédito habitacional representam um cenário mais desafiador para o mercado de média renda, por outro há a perspectiva de retomada do mercado de HIS, que pode mitigar a retração da demanda do segmento,” observou a economista. 

Utilização da capacidade 

O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) da Construção recuou 0,9 ponto percentual (p.p.), para 78,3%. 

Os Nucis de Mão de Obra e de Máquinas e Equipamentos também recuaram 0,8 e 2,0 p.p., para 79,6% e 71,9%, respectivamente. 

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