Como enfrentar a escassez crescente de mão de obra

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Como enfrentar a escassez crescente de mão de obra
Pastor, Oliveira, Genioli, Estefan, Zylberstajn, Fratel, Von e Bianchi, no SindusCon-SP

Questão foi debatida com o professor Helio Zylberstajn no SindusCon-SP

O desafio de se encontrar formas de atrair mão de obra formal para a indústria da construção foi discutido com Helio Zylberstajn, professor da Faculdade de Economia da USP, em reunião realizada em 15 de fevereiro, no SindusCon-SP. Para o especialista, uma das ações propostas é desenvolver um trabalho focado na capacitação e na atração dos jovens que não estudam nem trabalham, os chamados “nem-nem”.

Participaram do encontro Yorki Estefan, presidente da entidade; Renato Genioli, Rodrigo Von e Maurício Bianchi, vice-presidentes; Roberto Pastor, diretor da Área Educacional; David Fratel, coordenador do Grupo de Trabalho de RH do CTQ (Comitê de Tecnologia e Qualidade); Carlos Henrique de Oliveira, ex-presidente do Carf da Receita Federal e atualmente membro do Conselho Jurídico do SindusCon-SP; Filemon Lima, gerente de Relações Institucionais, e Rosilene Carvalho, gerente do Jurídico.

Entre outros sugestões, discutiram-se a possibilidade de instalação de centros de formação do Senai-SP em comunidades próximas às obras e o aproveitamento de brecha legal criada, para se encontrar meios de inserir aprendizes com até 24 anos de idade nos canteiros de forma atrativa. Os centros de formação poderiam ser instalados nos próprios terrenos onde posteriormente se ergueriam os empreendimentos. Estas ações poderiam ser desenvolvidas em parceria com entidades como a Central Única de Favelas.

Zylberstajn também mencionou a necessidade de se incrementar a contratação de tecnólogos de construção civil. Chamou a atenção para a dificuldade de reforço do vínculo entre trabalhador e empresa, devido à rotatividade. Inteirou-se de novos aspectos, como a reversão de certas atividades terceirizadas, verticalizadas novamente nas construtoras.

O professor sugeriu que empresas criem um sistema de retenção de mão de obra, com uma governança, e se cotizem para formação de profissionais e montagem de programas de capacitação dentro dos canteiros. Os formados seriam credenciados pelo SindusCon-SP, em parceria com instituições como o Senai-SP. Também se fariam convênios com escolas públicas visando à formação de aprendizes. O objetivo final seria comprometer o trabalhador com o mercado da construção civil e não com empresas especificamente, já que isso seria muito difícil.

Segundo o professor, também se deveria incentivar a figura jurídica do consórcio de empregadores da construção civil, pelo qual o trabalhador vai migrando de empresa para empresa dentro de um grupo, sem pagamento de verbas rescisórias. Seria preciso encontrar uma empresa ou entidade que se responsabilizasse pelo recolhimento dos encargos trabalhistas. Como o trabalhador conta com as verbas rescisórias cada vez que encerra uma relação de trabalho, isso poderia ser enfrentado com a criação de um fundo para o qual cada empresa do consórcio recolheria recursos proporcionalmente ao tempo de serviços prestados por aquele trabalhador para ela.

Construção de carreira

Em relação à rotatividade, Zylberstajn chamou a atenção para um problema cultural nacional de falta de ética nas relações do trabalho. Observou que também falta na construção a perspectiva de construção de uma carreira, como há em outras atividades. E disse ser preciso pensar como lidar bem com a questão de aprendizagem de adultos, diferentemente do que ocorre com jovens.

Carlos Henrique de Oliveira abordou a questão da informalidade. Em sua visão, seria importante conseguir uma quantidade expressiva de empreiteiros certificados, dando condição para que se mantenham na formalidade, reduzindo a rotatividade.

No início da reunião, Yorki Estefan e Mauricio Bianchi relacionaram as dificuldades de aumento da produtividade, de capacitação e de atração de mão de obra formal para a indústria da construção. David Fratel apresentou a pesquisa realizada em 2023 com a consultoria Falconi, sobre essas dificuldades e o atual estágio da gestão das relações trabalhistas das construtoras associadas ao SindusCon-SP. E Roberto Pastor mostrou as ações da Área Educacional: os cursos da Universidade Corporativa, o programa de qualificação nos canteiros de obras em parceria com o Senai-SP, e o programa Construindo Valor, em parceria com o Sebrae-SP, de formação de empreiteiros.

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