Vendas cresceram mais que lançamentos de imóveis no primeiro trimestre no país
Por Rafael Marko
Segmento de médio e alto padrão impulsionou o resultado, segundo a Abecip
Um total de 26.973 imóveis novos foi lançado no primeiro trimestre de 2022, representando aumento de 2,2% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo informações de 18 empresas associadas à Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias).
No acumulado de 12 meses até março de 2022, foram lançados 154.315 imóveis, 20,1% a mais que nos 12 meses anteriores.
No primeiro trimestre, foram comercializadas 36.928 unidades, 6,2% acima do mesmo período de 2021. No acumulado nos últimos 12 meses até março de 2022, as 145.735 unidades vendidas representaram ligeiro aumento de 0,7%, na comparação com o acumulado do mesmo período anterior.
Já as vendas líquidas (excluindo os distratos) registraram aumento de 8,3%, no primeiro trimestre, e de 1,9%, no acumulado dos últimos 12 meses até março.
Casa Verde e Amarela
Os empreendimentos associados ao Programa Casa Verde Amarela (CVA) ainda representaram a maior parcela das unidades lançadas e comercializadas tanto no primeiro trimestre do ano (62,9% e 73,8%, respectivamente) quanto na média dos últimos 12 meses (56,4% e 77%, respectivamente).
De acordo com a Abecip, a perda de participação dessas unidades tem refletido entraves pelo lado da oferta (como as regras e limites que definem o enquadramento de imóveis, o nível de subsídios e a alta nos preços de insumos da construção) e também da demanda por imóveis do segmento (exemplificado pela queda real no rendimento médio das famílias, especialmente as mais pobres).
Na análise da entidade, a combinação desses fatores afeta negativamente a viabilidade econômico-financeira dos empreendimentos e compromete o affordability desses imóveis, isto é, a capacidade das famílias em adquiri-los. Na prática, tais efeitos podem ser observados ao se observar o próprio desempenho recente do segmento: no primeiro trimestre de 2022, por exemplo, as 16.960 unidades lançadas representaram uma queda de 10% em relação ao registrado pelo segmento no mesmo período do ano anterior. Os lançamentos do segmento, por sua vez, totalizaram 86.867 unidades no acumulado dos últimos 12 meses, o que corresponde a um recuo de 17,7% em relação ao volume comercializado nos 12 meses anteriores.
Os números negativos se estendem para o campo das vendas do primeiro trimestre de 2022 (26.942 unidades), que representaram um declínio de 9,0% em relação ao mesmo período do ano anterior, ao passo que, no acumulado em 12 meses, o volume comercializado atingiu 110.337 unidades relacionadas ao programa CVA, o que corresponde a uma baixa de 7,3% em relação ao período anterior.
A Abecip lembra que desempenho recente do segmento CVA ainda não repercute os ajustes mais robustos que o governo realizou na curva de subsídios do programa, via aprimoramento do desconto complemento. A implantação da nova curva deve beneficiar diretamente as famílias elegíveis (com renda de até R$ 4 mil), facilitando e ampliando o acesso ao crédito imobiliário.
Médio e alto padrão
Em contraste, imóveis residenciais associados ao perfil de médio e alto padrão têm apresentado desempenho positivo e consistente, acarretando avanços em termos de participação de mercado.
O número de imóveis lançados por esse segmento no primeiro trimestre (10.013 unidades) representou uma elevação de 35,6% em comparação ao mesmo período do ano anterior, além de contribuir para a alta de 196,1% no horizonte dos últimos 12 meses (67.132 unidades).
No âmbito ao desempenho comercial, o resultado do segmento também foi relevante e positivo, considerando as 9.553 unidades transacionadas no trimestre móvel encerrado em março de 2022 (alta de 109,0% em relação ao mesmo período do ano anterior) e 32.919 unidades, no cômputo dos últimos 12 meses (crescimento de 43,5% em comparação aos 12 meses anteriores).
Também se destaca o desempenho do segmento de médio e alto padrão no caso das vendas líquidas (crescimento de 120,5% no primeiro trimestre de 2022 e de 50,9%, nos últimos 12 meses) e na relação distratos-vendas (que recuou 4,6 pontos percentuais no primeiro trimestre de 2022 e 4,4 pontos percentuais, na média dos últimos 12 meses) – indicadores que têm contribuído positivamente para o resultado da incorporação no início de 2022, diante de um cenário de elevação das taxas de juros e de pressão inflacionária sobre os custos das empresas e a renda disponível das famílias.