Urbanização, industrialização e sustentabilidade vão impulsionar construção civil nas próximas décadas

Enzo Bertolini

Por Enzo Bertolini

Urbanização, industrialização e sustentabilidade vão impulsionar construção civil nas próximas décadas

ACC_4241O mundo terá três megatendências nos próximos anos que vão ter grande participação da construção civil: urbanização, industrialização e produtividade, e sustentabilidade. Estas foram as afirmações do presidente da Saint Gobain para o Brasil, Argentina e Chile Thierry Fournier de um encontro de relacionamento entre construtoras e fornecedores, realizado em 6 de agosto na sede do SindusCon-SP.
Na abertura do evento, que contou com CEOs e diretores das principais construtoras do país, o presidente do sindicato, José Romeu Ferraz Neto, destacou a importância desta troca de informações entre as duas áreas. “O aumento da produtividade e da inovação do setor da construção civil passa por esse relacionamento, de forma a elevar seu patamar, otimizando a geração de valor em toda a cadeia produtiva.”
Segundo Fornier, a urbanização fará a construção civil explodir. Em 2050 (6,3 bilhões) estima-se que 66% da população mundial viverá em megacidades. E, aproximadamente, 90% destas megacidades deverão estar em economias emergentes. “Há desafios gigantescos, como o fornecimento de energia para os novos edifícios que serão construídos e a construção de infraestrutura, em especial rodovias.”
O presidente do SindusCon-SP lembrou que o Brasil precisa investir 5% do PIB ao ano para crescer a infraestrutura do país e, pelo menos, 2% ao ano para manter o que já existe. “Ano passado foram investidos apenas 1,5% do PIB. Estamos regredindo.”
Green buildings
ACC_4146A sustentabilidade é outro importante desafio a ser enfrentado. Como setor que usa recursos naturais para se desenvolver, a construção civil pode contribuir para a eficiência energética de suas edificações, mitigando o impacto no meio ambiente. “Se nada for feito em relação a maneira como construímos, chegaremos a 20 gigatons de CO² emitidos na atmosfera em 2100”, afirmou Fournier.
No Acordo de Paris (COP 21) países se comprometeram com a redução na emissão de dióxido de carbono a partir de 2020. E a construção civil tem papel central neste processo nas próximas décadas, especialmente nos países da OCDE, com edifícios inteligentes, com geração própria de energia, uso de materiais reciclados ou que causem pouca emissão de gases de efeito estufa (GEE), gestão de resíduos etc. “As melhorias de fachadas serão muito importantes para esse papel, aumentando o conforto térmico dos ambientes”, acrescentou o presidente da Saint Gobain.
Romeu Ferraz salientou que o custo para o uso de pré-fabricado nas construções é impactado por dois impostos sobrepostos. “A reforma tributária poderia contribuir para aumentarmos o uso de pré-fabricados nas fachadas.”
As certificações como o LEED, Procel Edifica, entre outros, devem influenciar neste processo de massificação de construção sustentável, ao mesmo tempo que os custos devem cair.
Fornier comentou ainda que nos próximos anos haverá aumento no consumo de ar-condicionado e aquecedores e uma crescente preocupação com a qualidade do ar interno devido a poluição.
Industrialização e produtividade
ACC_4143Um dos setores mais resistentes à industrialização, a construção civil tem um caminho sem volta para aumentar sua produtividade e eficiência. Segundo Fornier, há algumas maneiras destas melhorias ocorrerem, em especial repensar o desenvolvimento de materiais, melhorar a cadeia de produção, adotando o just in time, aperfeiçoar a execução das obras nos canteiros, e adoção de novas tecnologias para automação de processos.
“Fazer a cadeia da construção mudar é um desafio, pois isso passa pela mudança de cultura. O Brasil, em especial, tem algumas particularidades que tornam o trabalho ainda mais complexo”, comentou o presidente do SindusCon-SP.
O BIM (Modelagem de Informação da Construção) é parte central neste processo. Segundo dados apresentados por Fornier, de cada US$ 1 investido em BIM, outros US$ 20 são economizados na construção e US$ 60 na gestão dos empreendimentos. “O Brasil ainda está no estágio básico do BIM. Nos EUA todas as obras públicas usam essa metodologia.”
Para o presidente da Saint Gobain, os avanços tecnológicos na construção também terão grande participação pela Internet das Coisas (IoP) e no uso de drones. “Vai ajudar na melhoria do controle de produtividade”, acrescentou.

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