Uma alta anunciada, mas impactante

Redação SindusCon-SP

Por Redação SindusCon-SP

Uma alta anunciada, mas impactante

Efeitos sobre os custos na construção civil dependem da combinação de câmbio e preços de commodities

Os juros são um remédio amargo contra a inflação. Remédio antigo, de efeitos conhecidos e relativamente eficaz e cheio de efeitos colaterais. Que o digamos nós, brasileiros, que vivemos a mais intensa elevação da Selic desde o início do regime de metas para a inflação há mais de vinte anos.

E como o vento que venta cá, venta lá, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou no dia 21 que uma alta de meio ponto percentual na taxa básica de juros norte-americana “está sobre a mesa” no início de maio, momento em que irá se reunir o Comitê de Mercado Aberto do FED, o equivalente ao COPOM brasileiro.

O anúncio ecoou como uma voz trovejante vinda direto do Olimpo do mundo econômico, isto é, o Banco Central dos EUA. Como resultado, o dólar se valorizou frente às principais moedas do planeta e, é claro, o real não ficou imune a esse movimento. Ainda assim, a alta da taxa de câmbio no Brasil surpreendeu, passando de 4% em um único dia (sexta-feira) e prosseguindo na segunda-feira pósferiado. Foi o maior aumento diário desde março de 2020, quando eclodiu a pandemia.

Essa volatilidade da taxa de câmbio deve ser analisada sob dois aspectos: um interno e outro, externo. No campo doméstico, já se pode dizer que ocorreu o clássico “sobreajustamento” ou “overshutting”. Em outros termos, antes de se fixar em um novo patamar, a taxa de câmbio caiu demais e o novo ponto de equilíbrio talvez se situe mais próximo de R$ 5 do que de R$ 4,60. Esse é um movimento bem conhecido no qual a queda acentuada leva muitos agentes a anteciparem suas compras de moeda estrangeira e o aumento da demanda reverte parte da própria queda.

No campo externo, o ciclo de alta de juros nos EUA já era esperado e estava atrasado. A inflação elevada – a mais alta dos últimos 40 anos – não deixou alternativa para o FED. Ainda assim, pode-se dizer que os juros norte-americanos estão iniciando um processo de normalização, dado que as taxas praticadas durante a pandemia eram baixas demais e insustentáveis. Um efeito, que já se esboça nos mercados, é a redução da especulação com commodities e consequente queda nos preços.

Infelizmente, os efeitos sobre os custos na construção civil dependem da combinação de câmbio e preços de commodities. Mas essa resultante permanece incerta e a combinação de guerra se arrastando na Ucrânia e os novos casos de Covid na China lançam ainda mais dúvidas sobre a evolução desses indicadores.

Leia a íntegra da análise ConstruCarta Conjuntura elaborada pelo FGV/Ibre exclusivamente para o SindusCon-SP aqui.

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