SindusCon-SP espera revisão inteligente do Plano Diretor de São Paulo 

Rafael Marko

Por Rafael Marko

SindusCon-SP espera revisão inteligente do Plano Diretor de São Paulo 
Senra, secretária municipal Aline Cardoso e a jornalista Denise Campos de Toledo, em live

O presidente do SindusCon-SP, Odair Senra, afirmou esperar uma revisão inteligente do Plano Diretor do município de São Paulo, que estimule a verticalização independentemente do adensamento. “A indústria imobiliária precisa oferecer o que o mercado quer e os preços dos terrenos precisam ser compatíveis com a legislação, não para o setor conquistar privilégios, mas para termos uma cidade mais bonita, uma infraestrutura melhor e imóveis naturalmente mais valorizados.”

As afirmações foram feitas em live do Secovi-SP (Sindicato da Habitação) com Aline Cardoso, secretária municipal de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Turismo de São Paulo, em 27 de janeiro. A mediação ficou a cargo da jornalista Denise Campos de Toledo, que afirmou ser a necessidade de revisão do Plano Diretor uma unanimidade dentro do setor imobiliário.

Considerando o Plano Diretor fundamental para o desenvolvimento da cidade, Senra comentou que os ajustes necessários são de conhecimento da Prefeitura, estão em boas mãos e agora dependem da tramitação na Câmara dos Vereadores. “A revitalização do centro está acontecendo devagar, mas na última gestão municipal já se implementaram empreendimentos novos. Se o Plano Diretor tirar mais alguns travas em retrofits, empreendedores atuarão mais nessa área”, acrescentou.

O presidente do SindusCon-SP enalteceu o trabalho realizado pelo secretário municipal Cesar Azevedo, de implementação do Aprove Digital. Em relação ao mercado imobiliário, considerou que o mesmo está sinalizando positivamente. “Os preços estão se recuperando e os terrenos ficaram mais caros em função de procura. A incorporação nos eixos estruturantes chama mais pelos estímulos. O bom desempenho em 2020 deve continuar em 2021 e os produtos num raio de 100 km de São Paulo também deverão se valorizar, pois uma das consequências da pandemia é que as pessoas querem morar bem.”

“A propriedade de um segundo imóvel era quase um luxo. A pandemia mudou isso. Muita gente investiu, tirando recursos das aplicações que rendiam pouco. Casas em condomínios nos municípios próximos a São Paulo dobraram de valor. Caio Portugal, presidente da Aelo (Associação de Loteadores), afirma que nunca se vendeu tanto lote como na pandemia, tanto para a construção da primeira, como da segunda casa. As pessoas querem conforto e isso não vai mudar.”

Resiliência na pandemia 

Senra destacou que “a construção não parou na pandemia graças à mobilização das entidades do setor com o Seconci-SP (Serviço Social da Construção), que deu uma atenção fabulosa ao enfrentamento da Covid-19. Criamos protocolos de higiene para os canteiros de obras e realizamos um acompanhamento semanal da eficácia das medidas. No último levantamento (concluído em 21 de janeiro), 98% do pessoal das obras estavam em atividade, somente 0,27% permaneciam afastados por suspeita de Covid-19 e apenas 0,10% afastados por confirmação da doença, mostrando que o setor está muito bem preparado para enfrentar a pandemia. E a Prefeitura foi muito coerente ao compreender esse esforço.”

O presidente manteve as estimativas do SindusCon-SP de que o PIB da construção tenha caído 2,5% em 2020 e deverá ter um crescimento de 3,8% em 2021, alicerçado principalmente sobre a execução das obras contratadas no ano passado. “Hoje as preocupações são com o aumento inesperado e injustificado dos preços dos materiais de construção, e com alguma falta de mão de obra especializada – alguns mestres de obras, por exemplo, estão afastados por integraram o grupo de risco.”

“A construção foi muito relevante em 2020 na mitigação da crise e na criação de empregos. Basta observar que, dos 227 mil novos empregos criados de janeiro a novembro do ano passado no país, 158 mil foram gerados pela construção. Agora precisamos de gente para trabalhar – essa frase é gostosa de dizer.”

Ativação policêntrica 

A secretária Aline Cardoso afirmou que a revisão do Plano depende agora do Legislativo. Segundo ela, o plano pode ter papel no desenvolvimento social e econômico da cidade. Entretanto, comentou que instrumentos de ativação da economia em alguns territórios não tiveram sucesso, e defendeu uma análise crítica da sociedade e dos vereadores para a criação de ferramentas efetivas que gerem mais oportunidades, competividade e inclusão social.

“A cidade precisa ser inteligente, com ativação policêntrica, de modo que cada região tenha atividade econômica e emprego. O imóvel será valorizado se o local for prático, tiver comércio próximo. Há bairros ricos cheios de muros e prédios, com pouco comércio. É preciso estimular o uso misto do solo, pensando na geração de emprego local. Por exemplo, deixar um lote no meio de dois edifícios para se construir um mercadinho.”

Aline destacou que há um movimento de transformação e revitalização do centro acontecendo, com iniciativas do poder público e do setor privado se encontrando, num processo longo e complexo. Segundo ela, muitas demolições de imóveis que abrigavam traficantes têm ocorrido na Cracolândia, e a maior Parceria Público-Privada de habitação da cidade ocorre lá.

“O projeto do Anhangabaú é um marco e traz uma renovação estruturante que ajudará o setor privado a fazer os retrofits nos imóveis. Estamos trabalhando na regulamentação da legislação do triângulo central, que deverá trazer benefícios fiscais para estimular usos positivos do centro a diversos setores. Vamos também estimular o turismo de compras no Brás, Bom Retiro e Santa Ifigênia, melhorando o uso de prédios públicos, além de trabalhar em outras centralidades.”

Outra meta continua sendo a desburocratização, para melhorar ambiente de negócios e ser mais fácil empreender e construir. “Desconfiar do empreendedor atrapalha a atividade econômica. Reduzimos prazos de aprovação de alvarás e continuaremos estimulando a cultura empreendedora, com ferramentas e crédito em parceria com governo do Estado e o setor privado. Também estamos realizando um esforço de melhor organização e potencialização dos programas sociais, com auxílios que transferem renda ao cidadão. No ano passado, 2.500 pessoas receberam R$ 1.100 por mês para aprenderem ofícios como eletricista, encanador, pedreiro. Este ano pretendemos atingir 5.000.”

A secretária comentou que “o governo federal poderia fazer mais” e criticou o que chamou de “omissão do poder público nacional para proporcionar competitividade e sobrevivência de alguns setores. Dentro das nossas limitações, a Prefeitura tem conseguido evitar demissão de 108 mil terceirizados da Prefeitura e ajudamos mais de 200 mil pequenos empresários.”

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