SindusCon-SP alerta para lacuna na faixa 1 do MCMV

Rafael Marko

Por Rafael Marko

SindusCon-SP alerta para lacuna na faixa 1 do MCMV
Vice-presidente de Habitação Popular do SindusCon-SP, Ronaldo Cury
Vice-presidente de Habitação Popular do SindusCon-SP, Ronaldo Cury

A drástica diminuição de novas contratações, pelo governo federal, para a construção de empreendimentos da faixa 1 do Programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), pode ser incluída entre os fatores que alimentam o aumento da demanda por loteamentos irregulares, por parte de famílias de baixa renda.

A observação é do vice-presidente de Habitação do SindusCon-SP, Ronaldo Cury, ao comentar a manchete de O Estado de S. Paulo de 24/6/2019, “Crime organizado lidera invasões de mananciais em SP”.

Segundo a reportagem, novas ocupações criminosas atingem ao menos 24 áreas protegidas por legislação ambiental na capital paulista desde 2018. A maioria está nas represas Guarapiranga e Billings, com fortes indícios de que o crime organizado domine parte dos terrenos e venda irregularmente lotes de até R$ 100 mil.

De acordo com Cury, a questão das ocupações irregulares é complexa e deriva de diversos fatores, como a crise econômica e o desemprego. “Mas chama a atenção que a diminuição das contratações de novos empreendimentos para as famílias com renda de até R$ 1.800 tem acontecido em paralelo ao aumento dessas ocupações”, comenta o vice-presidente.

De 2009 a 2018, foi contratada a construção de 1,9 milhão de unidades habitacionais na faixa 1, e entregue 1,4 milhão. Em 2009, quando o MCMV foi lançado, esta faixa respondia por 50% das unidades contratadas. No auge do programa, em 2013, as unidades da faixa 1 respondiam por 59% do total. O índice chegou a 4,5% em 2017. No ano passado, essa faixa respondeu por menos de 21% das unidades contratadas. E neste ano, a contratação foi inexpressiva.

O governo federal prometeu para julho o anúncio de remodelações no MCMV, que incluiriam medidas como PPPs (Parcerias Público-Privadas), aluguel social e parcerias com municípios, para viabilizar moradias às famílias com renda de até R$ 1.800. A indústria da construção aguarda os detalhes desse projeto, para avaliar sua viabilidade.

Remanejamento de recursos

A Instrução Normativa 23,  de 13 de junho, do Ministério do Desenvolvimento Regional (DOU de 18/6/2019), alterou a destinação de recursos do Orçamento Operacional do FGTS para à área de habitação popular e demais operações habitacionais nas unidades federativas, para o exercício de 2019.

A medida modifica a destinação de recursos dos programas carta de crédito individual; carta de crédito associativo, apoio à produção de habitações e desconto ao financiamento à pessoa física, contudo sem alterar os valores totais dos programas.

Para o Estado de São Paulo, o orçamento agora prevê recursos da ordem de R$ 13,504 bilhões, assim distribuídos: Apoio à Produção de Habitações – R$ 7 bilhões; Carta de Crédito Individual – R$ 6,277 bilhões; Pró-Moradia – R$ 121 milhões, e Carta de Crédito Associativo – R$ 101 milhões.

O valor total de recursos reservados para descontos (subsídios) no Estado de São Paulo agora é de R$ 2,179 milhões.

Segundo Cury, o governo demonstra que segue alocando recursos para a continuidade do Programa Minha Casa, Minha Vida, mas é necessário que as empresas tenham cautela na articulação de novos projetos.

Demais faixas

Cury também manifestou preocupação com o esgotamento dos recursos para subsidiar as faixas 1,5, 2 e 3 do MCMV no Estado de São Paulo. “Esses recursos são fundamentais para garantir a continuidade do programa e o mercado precisa ter uma sinalização clara nesse sentido”, afirmou o vice-presidente.

As construtoras precisam desta sinalização para decidir se investem em novos terrenos e desenvolvem projetos para o Minha Casa, Minha Vida. “Interrupções no fluxo desses recursos criam insegurança e comprometem os projetos para a  produção futura de moradias”, comentou.

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