Recuperação maior da construção ainda levará anos, diz Zaidan

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Recuperação maior da construção ainda levará anos, diz Zaidan

Com a queda do PIB da construção estimada em 6,4% neste ano, o produto do setor acumulará queda superior a 20% no triênio 2015-2017. Assim, se a construção crescer 2% em 2018, isso representará uma recuperação muito modesta em relação à queda no período.
As observações foram feitas pelo vice-presidente de Economia do SindusCon-SP, Eduardo Zaidan, na Reunião de Conjuntura da entidade realizada em 30 de novembro. “A recuperação da construção deverá se estender pelos próximos anos e dificilmente teremos uma melhora substantiva a curto prazo”, prognosticou.
Segundo Zaidan, o ano de 2018 ainda será muito difícil para a construção formal, com poucas obras. “O cenário ainda é de muita incerteza diante do ano eleitoral, com mais previsibilidade apenas lá por agosto ou setembro. E o problema fiscal persistirá, contribuindo para a baixa confiança dos investidores.”
Na reunião, a coordenadora de projetos da construção da FGV, Ana Maria Castelo, afirmou que o estimado crescimento de 2% da construção deverá ser “puxado” principalmente pelo desempenho dos setores de edificações e de autoconstrução e reformas. Já o segmento de obras de infraestrutura deverá sofrer nova queda.
Ana Maria listou aspectos conjunturais positivos esperados para 2018: cenário externo favorável, inflação dentro da meta, baixa taxa de juros real e um efeito de carregamento positivo da elevação do PIB nacional, estimado em 0,9% em 2017. Do outro lado da balança, ela relacionou os aspectos negativos: incertezas políticas, quadro fiscal preocupante e dificuldade de promover reformas em ano eleitoral e com o cenário de curto prazo melhorando.
Com isso, a construção deverá ingressar em 2018 com obras derivadas das contratações do Programa Minha Casa, Minha Vida realizadas em 2017 e obras resultantes de lançamentos imobiliários, do aumento das vendas e da diminuição dos distratos. Além disso, o cronograma dos leilões de concessões deverá seguir e o mercado informal favorecerá o resultado da indústria – o que se refletirá em aumento de demanda por materiais de construção.
Já o economista Robson Gonçalves, da FGV, observou que o ambiente político, fundamental para a elevação do nível de confiança e as decisões de investimentos, não favorece o ambiente de negócios. Além disso, pendengas ideológicas nas agências reguladoras continuam retardando decisões de investidores estrangeiros de aportarem recursos na expansão da infraestrutura, segundo ele. “A confiança dos investidores ainda não foi restabelecida”, comentou.

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