Pessimismo cresce entre as empresas da construção

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Pessimismo cresce entre as empresas da construção

Pelo quarto mês consecutivo, o Índice de Confiança da Construção (ICST) caiu. Em abril, a queda foi de 3,8 pontos, para 85 pontos, o menor nível desde julho de 2020 (83,7 pontos) e abaixo do observado nos meses anteriores ao início da pandemia. Em médias móveis trimestrais, o índice recuou 2,5 pontos.

Os dados são da Sondagem Nacional da Construção do FGV/Ibre (Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas), com base em informações de 681 empresas, coletadas entre 1 e 26 de abril e divulgada em 27 de abril. A pontuação vai de 0 a 200, denotando otimismo a partir de 100.

De acordo com Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do FGV/Ibre, a percepção das empresas tornou-se mais pessimista, tanto em relação à situação atual dos negócios como no tocante às expectativas para os próximos meses.

 “O cenário setorial vem piorando desde outubro, refletindo a preocupação com a escassez dos materiais de construção e, principalmente, com a elevação dos seus custos. O problema persiste e não dá indicações de trégua, atingindo contratos em andamento e dificultando a precificação dos produtos”, afirmou Ana Maria.

A preocupação com os custos justifica-se. De acordo com o INCC-M, calculado pelo FGV/Ibre, os preços médios dos materiais e equipamentos aumentaram 2,17% em abril, acumulando elevações de 10,83% no ano e de 29,45% em 12 meses.

Demanda insuficiente 

“O elemento novo em abril foi o aumento expressivo das assinalações no quesito Demanda Insuficiente como limitador à melhoria dos negócios das empresas, provavelmente decorrente do fechamento dos estandes de vendas em algumas cidades. Ou seja, a combinação de preços de insumos mais elevados e do agravamento da pandemia trouxe novamente momentos difíceis para as empresas”, avaliou Ana Maria.

O Índice de Situação Atual (ISA-CST) da Sondagem recuou 3,5 pontos, para 84,3 pontos, o quarto declínio consecutivo. A queda foi influenciada principalmente pela piora do indicador de situação atual dos negócios, que caiu 6,3 pontos, para 84,4 pontos, o menor nível desde agosto de 2020 (81,8 pontos).

O Índice de Expectativas (IE-CST) caiu 4 pontos, para 86 pontos, o menor patamar desde junho de 2020 (83,2 pontos), acumulando perda de 13,1 pontos nos últimos seis meses. O resultado foi influenciado pela menor expectativa dos empresários com relação à demanda. O indicador que mede a demanda prevista caiu 7,6 pontos, para 84,7 pontos, o menor nível desde junho de 2020 (83,1).

Emprego previsto 

Em abril, o indicador de Evolução Recente da Atividade voltou ao patamar próximo ao registrado em agosto do ano passado. Com a deterioração das expectativas, a intenção de empregar também diminuiu: em abril, 16% das empresas indicaram que vão reduzir o número de empregados nos próximos meses, enquanto 12,1% apontaram intenção de contratar.

Utilização da capacidade 

O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) da Construção subiu 5,3 pontos percentuais (p.p.), para 77,1%. A maior contribuição veio do Nuci de Mão de Obra, que avançou 5,6 p.p, para 78,6%. Já o Nuci de Máquinas e Equipamentos aumentou 4,4 p.p, para 70,5%.

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