Oferta de imóveis no país cai 14,8% no primeiro trimestre

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Oferta de imóveis no país cai 14,8% no primeiro trimestre

A oferta de imóveis residenciais novos caiu 14,8% no primeiro trimestre, na comparação com o mesmo período do ano passado. Os lançamentos de empreendimentos residenciais cresceram 3,7% e as vendas aumentaram 27,1%.

Os dados, coletados e analisados de 150 municípios (sendo 20 capitais de Estados) pela CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) e pelo Senai Nacional, foram apresentados em 24 de maio.

Na comparação com o 4º trimestre de 2020, os lançamentos no primeiro trimestre caíram 58% e a vendas, 12,4%.  De acordo com o presidente da CBIC, José Carlos Martins, o mercado está comprador. “Mas a grande preocupação do setor e que impacta a economia é o preço dos materiais, que resulta na postergação de lançamentos e, consequentemente, na queda dos contratos de trabalho”, destacou.

Na avaliação do vice-presidente da área de Indústria Imobiliária da CBIC, Celso Petrucci, enquanto oferta e lançamentos seguem em queda, as vendas de imóveis no país continuam em tendência de crescimento. “Os números mostram a aderência do mercado comprador. Estamos vendendo significativamente mais. Apesar de atravessarmos um período de aumento de insumos – que esperávamos já ter sido resolvido –, foram vendidas mais de 53 mil unidades neste primeiro trimestre. E foram registrados aumentos em todas as regiões do país”, disse.

Lançamentos em baixa 

Na comparação com o 4º trimestre do ano passado, o freio nos lançamentos ocorreu em todas as regiões. A maior queda foi observada na região Norte, de 72%, seguida pelo Sudeste, de 67,9%.

Na comparação com o 1º trimestre de 2020, porém, os lançamentos de imóveis (28.258 unidades) aumentaram 3,7%. Houve redução de 55,6% no número de unidades lançadas nas regiões Norte, de 20,7% e Sul (-20,7%), e aumento nas demais regiões. O maior aumento, de 28,1% registrou-se no Sudeste (3.004 unidades).

Vendas em alta 

As vendas apresentaram um aumento de 27,1% no 1º trimestre de 2021, na comparação com o mesmo período de 2020. O maior aumento foi observado no Nordeste, onde as vendas de imóveis subiram 52,2% (3.471 unidades), seguido do Sul, onde cresceram 39,3% (3.750 unidades).

Na comparação com o 4º trimestre de 2020, as vendas caíram 12,4% e apresentaram resultado negativo em todas as regiões, à exceção da região Sul, onde subiram 8,2% (1.010 unidades).

Oferta declinante 

A oferta final de imóveis no 1º trimestre de 2021, na comparação com o mesmo período de 2020, caiu 14,8%. Na comparação com o 4º trimestre de 2020, a oferta final declinou 13,1%.

Fábio Tadeu Araújo, sócio da Brain Inteligência Estratégica, reforçou que o preço e a falta dos insumos são o principal problema do segmento hoje. Segundo ele, além do aumento dos preços dos materiais, as elevações nos custos com a mão de obra podem pressionar ainda mais o setor nos próximos meses. “A construção civil é um dos principais responsáveis pela geração de emprego com carteira assinada no país atualmente. A média de criação de novas vagas no primeiro bimestre foi de 44 mil vagas. Em março este número já caiu para 25 mil novas vagas criadas. Ou seja, o valor dos insumos está pesando de maneira desproporcional e demonstra que o dinamismo do mercado de trabalho do setor já perdeu intensidade neste mês”, comentou.

Casa Verde e Amarela 

A participação do programa habitacional Casa Verde e Amarela (CVA) nas unidades lançadas sobre o total de lançamentos, no trimestre, foi de 55,6%, e sobre o total de vendas, de 51,5%. Na oferta final, o número de imóveis do CVA representou 44,4% do total.

De acordo com a CBIC, o impacto dos aumentos dos materiais é maior em imóveis populares, o que é possível ver nos números do programa. Martins destacou que as empresas estão migrando da construção de imóveis destinados ao CVA para outras faixas de mercado. “As empresas, que estão trabalhando no limite, migram cada vez mais das habitações de interesse social para outros modelos, com mais margem e maleabilidade para recuperar o preço, causando um grande desarranjo em toda a cadeia.”

Veja a apresentação.

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