Interpretando o resultado da produção industrial de dezembro: o pulso ainda pulsa

Redação SindusCon-SP

Por Redação SindusCon-SP

Interpretando o resultado da produção industrial de dezembro: o pulso ainda pulsa


Nas análises de conjuntura econômica, a produção da indústria de transformação merece especial atenção. Isso porque, muito embora responda por menos de 12% do PIB, essa atividade tem grande poder alavancador sobre outros setores, incluindo elos da própria indústria.

Nesse sentido, o resultado da produção industrial de dezembro (último divulgado) pareceu bastante alentador e poderia indicar um ponto de inflexão na atividade econômica como um todo. Mas o número merece ser visto mais de perto.

Segundo o IBGE, a produção física da indústria em geral (incluindo extrativa mineral), registrou alta dessazonalizada de 2,9% frente a novembro. Com isso, a série reverteu seis meses de variações negativas ou nulas e acumulou alta de 3,9% no ano. Já no comparativo com dezembro de 2020, o resultado foi bem menos favorável: queda de 5%.

No caso específico da indústria de transformação, a alta dessazonalizada em dezembro foi de 2%; no acumulado do ano, 4,3%; e na comparação com dezembro de 2020 houve queda de 5,9%. O comportamento da série dessazonalizada (ver gráfico) deixa mais claro que o bom desempenho de dezembro ainda não pode ser interpretado como sinal de melhoria geral da atividade econômica, tendo sido muito mais um “pulso” favorável em torno de uma tendência de queda que foi observada durante todo o ano.

Uma das causas desse “pulso” em dezembro foi a produção da automobilística que, livre de influências sazonais, teve alta de 12,2% frente a novembro. Com esse resultado, o setor fechou o ano com crescimento de 5,3% frente a 2020, mas com queda de quase 30% na comparação anual com 2019. No mesmo sentido, o nível de dezembro passado foi o pior para o mês nos últimos cinco anos.

É importante lembrar que parte do bom desempenho da automobilística em dezembro se deveu à antecipação da produção de modelos e versões cuja fabricação não será mais permitida a partir de 2022 por conta do cronograma de restrições à emissão de poluentes. Além disso, o desempenho da automobilística tem se mostrado errático devido à escassez global de semicondutores. Nesse sentido, chama a atenção o desempenho no mês passado.

Segundo a ANFAVEA, a produção de janeiro foi 27,4% menor do que no mesmo mês de 2021. Em resumo, ainda que a indústria de transformação seja um dos motores da atividade econômica como um todo, o setor segue em marcha lenta e o bom desempenho de dezembro não pode ser visto de forma isolada.

Leia a íntegra da análise elaborada pelo FGV/Ibre aqui.

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