Eventual fim da guerra na Europa poderá baixar custos da construção no Brasil 

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Eventual fim da guerra na Europa poderá baixar custos da construção no Brasil 

Análise é do professor Robson Gonçalves, para quem investidores estrangeiros já precificaram eventual vitória de Lula nas eleições 

A alta das commodities no mercado internacional tem potencial de se reverter rapidamente, no caso de uma solução do conflito na Europa, reinserindo-se a Rússia no mercado de commodities e, mais adiante, no mercado de capitais. Com isso, em algum momento o INCC cai, junto com a queda do IGP-M. Por outro lado, o aumento da taxa de juros vai estreitando o acesso ao crédito imobiliário. A redução da inflação não será acompanhada neste ano pela queda da Selic. 

A análise foi feita por Robson Gonçalves, professor da FGV, em encontro virtual do fórum Entidades do Mesmo Lado, que reúne as associações da cadeia produtiva do setor, com a participação do presidente do SindusCon-SP, Odair Senra, em 30 de março. 

Segundo Gonçalves, os investidores estrangeiros já precificaram o resultado das eleições, com a perspectiva de que o atual governo não se reelegerá. Observou que Luis Inácio Lula da Silva, candidato à frente nas pesquisas, não é o mesmo de 20 anos atrás. Entretanto, acrescentou, a situação fiscal exigirá mais de um eventual governo Lula do que em seu primeiro governo anterior, quando esta situação havia sido equacionada pelo governo anterior, de Fernando Henrique Cardoso. 

De acordo com o economista, no Brasil a queda da taxa de câmbio deve persistir, diante do choque da taxa de juros. Com a Rússia fora do mercado de capitais, esse processo se acelera, e uma reversão deve demorar mais para ocorrer. Portanto, a taxa de câmbio começa a se normalizar. Já a pressão inflacionária deve persistir, mas em algum momento arrefecer. 

Gonçalves defendeu que a cadeia produtiva da construção não aguarde as mudanças que o próximo governo federal irá realizar, e prepare agora um documento com suas posições em relação a questões como as reformas trabalhista e tributária e o meio ambiente. O objetivo seria assegurar que as conquistas obtidas pelo setor nos últimos anos não sejam desmontadas. 

Cenário da incorporação 

O economista Renato Lomonaco, da Abrainc (Associação Brasileira de Incorporadoras Imobiliárias), apresentou o balanço positivo da incorporação em 2021, com aumento de 4% nas vendas e de 27% nos lançamentos. No Programa Casa Verde e Amarela as incorporadoras pesquisadas registraram queda de 12% nos lançamentos e estabilidade nas vendas. Já as unidades de médio e alto padrão cresceram 226% nos lançamentos e 21% nas vendas. Neste segmento os distratos caíram para 11%. 

Segundo Lomonaco, levantamento feito antes da guerra mostrou que a maioria tinha a perspectiva de novos crescimentos em lançamentos e vendas em 2022, embora em patamares menores que no ano passado. Em outra pesquisa entre incorporadoras, as empresas responderam que neste ano mais de 70% pretendem continuar comprando terrenos e mais de 90% planejam realizar ao menos um lançamento de empreendimento. 

Luiz França, presidente da Abrainc, propôs que mais integrantes do movimento Entidades do Mesmo Lado tenham representação no Consic (Conselho Superior da Indústria da Construção) da Fiesp, do qual ele é um dos vice-presidentes, para uma maior integração na cadeia produtiva. Odair Senra informou que o SindusCon-SP já está representado no Conselho, por meio do vice-presidente José Romeu Ferraz Neto. 

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