Entidades da cadeia produtiva da construção apresentam balanço de 2018 e perspectivas para 2019

Redação SindusCon-SP

Por Redação SindusCon-SP

Entidades da cadeia produtiva da construção apresentam balanço de 2018 e perspectivas para 2019

Na última reunião plenária do Departamento da Indústria da Construção (Deconcic-Fiesp), realizada em novembro, representantes da cadeia produtiva da construção apresentaram balanço das atividades de seus respectivos setores e suas perspectivas para o ano de 2019. A reunião contou com contribuições do SINAENCO (arquitetura e engenharia consultiva); da SOBRATEMA (máquinas e equipamentos para construção e mineração); da ANEPAC (agregados minerais para construção); do SNIC (cimento); da Gerdau (aço); da ABRAMAT (indústria de materiais de construção); do SINICESP (construção pesada); e do SINDUSCON-SP (construção civil).
Segundo balanço feito pelo SINAENCO, o faturamento nominal das 40 maiores empresas de projetos e consultoria teve uma queda acumulada de 64,73% entre 2010 e 2017. Com a modesta recuperação do emprego no setor de arquitetura e de engenharia consultiva em 2017 (1,3%) e com o crescimento acumulado de 7,0% do emprego até setembro de 2018, a indicação é de que o faturamento reflita essa evolução recente e feche 2018 com uma variação positiva. Apesar disso, dada a redução de faturamento e, principalmente, do número de pessoas empregadas no setor desde 2014, a expectativa do SINAENCO é de que faltarão projetos quando a atividade econômica da cadeia for de fato retomada. Quanto a 2019, a última sondagem de expectativas econômico-financeiras do segmento, de outubro de 2018, aponta que para os próximos 12 meses, 75,5% dos empresários participantes da pesquisa não pretendem aumentar o quadro de funcionários nesse horizonte de tempo. Quanto à evolução da carteira de contratos, essa sondagem revelou que 47,2% dos empresários acreditam que a sua carteira se manterá nos patamares atuais, enquanto que 30,2% esperam que ocorra uma redução da carteira de contratos.
Tendo como referência o Estudo do Mercado Brasileiro de Equipamentos para Construção 2018/2019 da SOBRATEMA, as expectativas das construtoras e locadoras para 2018 foram sendo frustradas ao longo do ano corrente. Apesar dessa frustração, a expectativa do estudo é de que as vendas internas da linha amarela (incluindo importados) aumentem 40% na passagem de 2017 para 2018, enquanto que é esperado um crescimento de 25% das vendas dos demais equipamentos e de 40% para as vendas de caminhões rodoviários (usados na construção), fazendo com que as vendas totais tenham uma expansão de 38% em 2018. Apesar dessa expressiva recuperação, as vendas internas da linha amarela (incluindo importações) devem fechar o ano corrente 65,1% abaixo do patamar recorde registrado em 2013, enquanto que as vendas do total de equipamentos devem ser, no fechamento de 2018, 78,6% inferior ao volume recorde observado em 2011. Para 2019, a sondagem junto às construtoras e locadoras aponta que 61% das empresas consultadas estão otimistas com a economia brasileira, 48% se mostram otimistas com o setor da construção e, finalmente, 57% se disseram otimistas em relação à perspectiva de sua própria empresa. Com respeito às expectativas dos fabricantes dessas máquinas, não há uma direção clara para a evolução do mercado em 2019. De forma a expressar a dispersão de expectativas, a projeção do estudo para 2019 foi apresentada na forma de um intervalo, com a variação esperada das vendas (i) da linha amarela ficando entre -3% e 3%, (ii) dos demais equipamentos, entre -1% e 5%, e, (iii) para o total de equipamentos, ficando entre -2% e 4%. Por fim, a sondagem apontou um quadro relativamente melhor para 2020, com um total de 86% das construtoras e locadoras se dizendo otimistas.
Segundo dados apresentados pela ANEPAC, a demanda por agregados (areia e brita) no Brasil deve atingir a ordem de 514 milhões de toneladas em 2018, ou seja, um crescimento de 3,5% em relação a 2017 e uma expectativa de crescimento de 5% em 2019, após acumular queda de 33% entre 2013 e 2017. Espera-se também uma recuperação do consumo de areia e brita no Estado de São Paulo em 2018, com crescimento estimado de 3,7%. Para 2019, a expectativa é de crescimento de 4,1% tanto para o consumo de brita como para o de areia no Estado e na Região Metropolitana de São Paulo. No momento, as premissas para essa última projeção incluem (i) a não existência de cenário de crescimento do volume de obras; (ii) o fato dos orçamentos do Estado e da Prefeitura de São Paulo não alimentarem expectativas positivas; e (iii) não ser possível vislumbrar agilidade na retomada das obras paralisadas da Linha 6 do Metrô e do trecho Norte do Rodoanel, dados os impasses existentes.
Considerando ainda o elo da indústria de materiais da construção, o SNIC afirmou que as projeções da entidade para a evolução do consumo aparente de cimento para 2018 e 2019 foram revisadas para baixo ao longo deste ano: em abril, esperava-se um crescimento de 2,0% em 2018 e de 3,0% em 2019; em fins de julho, a expectativa passou para uma queda de -2,0% em 2018, em grande parte como resultado da greve dos caminhoneiros ocorrida em maio último, e para uma expansão de 3,5% em 2019. Outro destaque é o nível de capacidade ociosa do setor, que atingiu o patamar máximo em outubro de 2018, com 47,4% de ociosidade.
Segundo balanço apresentado pela GERDAU, o consumo aparente de aço no país apresentou crescimento de 8,7% no acumulado entre janeiro e setembro de 2018, resultado puxado pela expansão de 9,8% do consumo de aços planos e de 7,2% do consumo de aços longos na mesma base de comparação. Assim, a expectativa é de que o ano feche com crescimento do consumo de aço, o qual deve prosseguir em 2019, com expansão projetada de 7,0%.
O faturamento da indústria de materiais de construção, de acordo com a ABRAMAT, deve fechar 2018 com uma expansão real de 1,5%, primeiro resultado positivo após três anos consecutivos de retração. Para os próximos 4 anos, quatro cenários foram elaborados, tendo cada um uma projeção de taxas médias anuais de variação para o PIB, construção, varejo de materiais e indústria de materiais. O primeiro deles, batizado de “os limites do possível”, é o mais otimista, com expansão de 3% para o PIB, 3,5% para a construção, 4% para o varejo de 3% para a indústria de materiais. O segundo cenário, “superando obstáculos”, projeta alta de 2% tanto para o PIB como para a construção, de 3% para o varejo de materiais e de 2,5% para a indústria produtora desses bens. O terceiro cenário, intitulado de “aos trancos e barrancos”, traz um quadro mais modesto de crescimento, com apenas 1% de expansão do PIB, de 0,5% para a construção, de 2% para o varejo e de 1,5% para a indústria de materiais. Por fim, de acordo com o último cenário, chamado de “tempestade perfeita”, o PIB teria expansão nula, a construção apresentaria queda de 0,5%, o varejo de materiais ainda teria crescimento, ainda que modesto, de 0,5% e a indústria de materiais também ficaria estável, com crescimento zero.
O SINICESP fez uma série de considerações a respeito do setor de construção pesada, com destaque para a recuperação do emprego, com saldo positivo de contratações no mês de setembro último, motivado provavelmente pelo início de obras estaduais, que foram licitadas no segundo semestre do ano passado e no início de 2018. Embora esta reação ainda seja muito incipiente, visto que tais contratações totalizaram um valor historicamente baixo, as mesmas já deram algum suporte para o setor. Foi pontuada a necessidade de retomar as obras paralisadas e dar continuidade ao programa de concessões do Governo Federal e do Estado de São Paulo. Apesar da apreensão ainda existente no setor quanto à situação atual, há uma expectativa de retomada das obras em geral e investimentos principalmente na área de infraestrutura urbana, com destaque para os segmentos de saneamento, mobilidade urbana e iluminação pública, com apoio do BNDES e da Caixa Econômica Federal.
O balanço de 2018 feito pelo SINDUSCON-SP listou os seguintes pontos: (i) com relação ao mercado imobiliário, houve melhora em termos de lançamentos, vendas e distratos, com as contratações nas faixas 1 e 2 do MCMV sustentando a retomada; (ii) as eleições contribuíram positivamente em relação à infraestrutura, tendo as incertezas que prevaleceram durante parte do ano adiado decisões; (iii) o indicador de confiança empresarial deixou de se deteriorar, mas ainda aponta pessimismo setorial; (iv) quanto ao emprego, as demissões se reduziram; e (v) indicadores apontam uma retomada, mas o ritmo de recuperação é muito lento e o PIB da Construção deve ser ainda negativo, com retração esperada de -0,6% em 2018. Com respeito às perspectivas para 2019, três pontos alimentam um quadro mais conservador, são eles: (a) a situação fiscal da União e dos Estados continua crítica; (b) as decisões de investimento ainda estão condicionadas à agenda de reformas; e (c) a confiança empresarial mostra recuperação, mas ainda se encontra em patamar baixo. Por outro lado, há quatro pontos que sustentam uma perspectiva mais otimista para o próximo ano: (i) renda e crédito devem continuar se recuperando; (ii) a melhora do mercado imobiliário deve se refletir no emprego ao longo do ano; (iii) há uma perspectiva de crescimento dos investimentos das prefeituras; e (iv) a base de comparação é ainda muito deprimida. Com base nesse conjunto de elementos, a expectativa é de que o PIB da Construção cresça 1,3% em 2019, a qual seria a primeira expansão anual desde 2013, levando a variação acumulada desde 2014 para -20,0%.
Em resumo:
– Espera-se um aumento do faturamento em 2018, mas uma retomada mais vigorosa do nível de atividades do setor de arquitetura e de engenharia consultiva em 2019 não é o cenário principal.
– Números de 2018 surpreenderam positivamente o setor de máquinas e equipamentos para construção e mineração, mas incerteza ainda pesa e crescimento das vendas deve ficar entre -2% e 4% em 2019.
– A demanda por agregados minerais deve fechar com alta de 3,5% em 2018 e crescer 5% em 2019 no Brasil, com expansão esperada de 4,1% para o consumo de agregados no Estado de São Paulo.
– Apesar da expectativa do consumo aparente de cimento no Brasil apresentar nova retração anual, com queda de 0,9% em 2018, a projeção para 2019 é de crescimento de 3,7%, ainda com elevada capacidade ociosa no setor.
– O consumo aparente de aço no país deve registrar crescimento em 2018, tendo acumulado alta de 8,7% entre janeiro e setembro deste ano, e seguir com expansão em 2019, projetada em 7,0%.
– O faturamento da indústria de materiais deve ter crescimento real de 1,5% em 2018, após três anos seguidos de queda. Segundo quatro cenários, o crescimento dessa indústria em 2019 deve ficar entre 0% e 3%.
– A indústria da construção pesada conta com a retomada das obras paralisadas e com a continuidade do programa federal de concessões para sustentar a recuperação do nível de atividades do setor.
– O PIB da Construção Civil deve registrar queda de 0,6% em 2018, quinto ano seguido de retração. Para 2019, a projeção é de crescimento, ainda que modesto, de 1,3%.

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