Eficiência energética é relevante para a moradia popular

Redação SindusCon-SP

Por Redação SindusCon-SP

Eficiência energética é relevante para a moradia popular

O presidente do SindusCon-SP, Odair Senra, afirmou que “a eficiência energética nas habitações de interesse social será muito importante para as famílias de baixa renda e o meio ambiente”, ante o déficit habitacional de 7,7 milhões de moradias ser constituído em sua maior parte por famílias com renda mensal de até 3 salários mínimos.

A afirmação foi feita em 3 de junho, na abertura do seminário técnico “Eficiência Energética na Habitação Social – Desafios e Oportunidades”, no SindusCon-SP. Senra também enfatizou o trabalho do Comitê de Meio Ambiente (Comasp) do sindicato, “que tem atuado intensamente na promoção da eficiência energética em edificações”.

O evento foi realizado pelo Projeto de Cooperação Eficiência Energética para o Desenvolvimento Urbano Sustentável (Eedus), formado entre a Secretaria Nacional de Habitação (SNH) do Ministério de Desenvolvimento Regional (MDR) e a Agência para Cooperação Internacional (GIZ) da Alemanha, em parceria com este sindicato e a Câmara de Indústria e Comércio Brasil-Alemanha.

Annette Windmeisser, ministra-conselheira chefe da Cooperação para o Desenvolvimento Sustentável da Alemanha, destacou que o desafio é ir além de equipamentos e consolidar processos e gestão em eficiência energética. A tarefa, segundo ela, cabe a uma cooperação entre governo, sociedade civil e setor da construção, colaborando para o Brasil atingir a meta do Acordo de Paris e proporcionando à construção a oportunidade de melhorar a eficiência energética das edificações em geral.

Este esforço tem o apoio do governo federal, salientou Salette Weber, coordenadora de Cooperação Técnica da Secretaria Nacional de Habitação e coordenadora do PBQP-H (Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade do Habitat). Ela destacou que a eficiência energética em moradias populares enseja uma oportunidade de construir um novo marco regulatório, objetivando combate ao déficit habitacional em cidades mais eficientes.

Samira Sousa, coordenadora de Eficiência Energética do Ministério de Minas e Energia, informou que o governo está estudando a implementação da etiquetagem obrigatória de edificações (atualmente voluntária) e revendo a metodologia correspondente.

Para Marcos Penido, secretário de Estado de Infraestrutura e Meio Ambiente de São Paulo, além de atender a pauta de combate à mudança climática, a eficiência energética em habitação de interesse social é referência para todo o setor da construção, devido à grande escala da produção de moradias. “O SindusCon-SP ter aberto as portas para este seminário nos deixa muito feliz”, comentou.

O governo estadual está aberto a todas as iniciativas nesta mesma direção, destacou Fernando Marangoni, secretário-adjunto de Estado de Habitação de São Paulo. Ele lembrou que 50% da energia do país são consumidos em edificações, sendo 24% no segmento residencial.

Bruno Zarpellon, diretor de Inovação e Tecnologia da Câmara Brasil-Alemanha, convidou o público a conhecer a iniciativa daquela entidade de estimular start-ups do setor energético.

Também prestigiaram a abertura do evento o Secretário da Habitação do Estado de São Paulo, Flavio Amary, o cônsul da Alemanha, Jens Gusti, e o presidente da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), Eduardo Velucci.

Apoio oficial

Abrindo o primeiro painel, Salette Weber comentou que, para apenas manter o atual déficit habitacional, o Brasil precisaria construir 1,235 milhão de moradias por ano, de 2019 a 2030. Segundo ela, a eficiência energética também ajudará as famílias que estão no déficit por conta do ônus excessivo com o aluguel.

Para Salette, o governo pretende promover maior acesso à moradia e melhorar as condições habitacionais das atuais, incluindo o passivo dos dez anos do Programa Minha Casa, Minha Vida. Ela citou a Norma de Desempenho como relevante para a eficiência energética e manifestou a disposição do governo de cuidar de outros itens de sustentabilidade, como gestão de resíduos, recursos hídricos e saneamento.

Fernando Llata e Silvio Vasconcellos, respectivamente superintendentes de Projetos e Técnico e Administrativo da CDHU, mostraram os avanços em eficiência energética nos projetos habitacionais daquela companhia. Desde o início de 2018, todos os empreendimentos são construídos com placas fotovoltaicas e lâmpadas de LED, proporcionando uma redução medida de consumo de 140 kWh por mês, para 50 kWh/mês. Um projeto piloto também tem aproveitado a captação de água de chuva e até está desenvolvendo uma mini-usina hidrelétrica com o líquido represado do empreendimento.

Na sequência, Philipp Hoeppner apresentou o projeto Eedus, seguindo-se painel de debates coordenado por Ronaldo Cury, vice-presidente de Habitação do SindusCon-SP. “Fazer edifícios eficientes requer conforto”, afirmou Hoeppner em sua apresentação, destacando que a Alemanha passou anos estudando a melhor forma de desenvolver edificações eficientes, para depois implementá-la naquele país e em locais que o representam, como a embaixada em Washington.

O vice-presidente de Habitação Popular, Ronaldo Cury citou que o tema não era uma realidade em 2007 e hoje é intrínseco em qualquer tipo de projeto no setor da construção. “Eficiência energética está no dia a dia das empresas que representam o mercado e que têm projetos de médio e longo prazo”, afirmou.

Quando tratou da importância da elaboração de Normas Técnicas ABNT voltadas para a eficiência energética em edificações, o professor Robert Lamberts, do Laboratório de Eficiência Energética em Edificações da Universidade Federal de Santa Catarina (LabEEE-UFSC), destacou a necessidade do alinhamento da etiquetagem residencial com a NBR 15.575 (Norma de Desempenho). “A definição da métrica considerando as reais condições de uso das edificações é fundamental. Depois de definir a métrica de avaliação, poderemos analisar o custo de elevar níveis mínimos de desempenho. Além disso, a adoção/adaptação de normas ISO recentemente criadas (2017) permite a harmonização com a comunidade internacional e a introdução das normas necessárias para implementar eficiência energética em edificações em larga escala no Brasil”.

Regras para o futuro

Para o vice-presidente do SindusCon-SP, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, estamos vivendo um grande momento que vai estabelecer regras para um futuro perene e sustentável no Brasil. O executivo destacou ainda que em muitos casos as normas de desempenho visam as construtoras e as incorporadoras e se esquecem de tratar dos fornecedores da indústria de uma forma geral. “Precisamos dos dados corretos dos produtos. Hoje já existe uma maior conscientização sobre as informações disponibilizadas pelos fornecedores, mas o mercado como um todo tem que se unir”, afirmou. O vice-presidente ressaltou que já estão disponíveis nos sites das associações da classe gratuitamente manuais de escopos, de garantias e de boas práticas.

A coordenadora técnica do Comasp, Lilian Sarrouf, destacou em sua palestra que há vinte anos as empresas do setor foram chamadas para a sustentabilidade. “Na época ressaltamos que a questão do meio ambiente é estratégica para as empresas. Ou elas pensam nisso agora ou vão ter que correr atrás do prejuízo depois”, afirmou. Para Lilian, o reconhecimento da importância das mudanças climáticas norteará as políticas públicas, assim como decisões de investidores e consumidores que impulsionarão a busca por eficiência energética e no uso de recursos, inovação no modelo de negócios e parcerias, uso de energias e matérias primas renováveis e transparência corporativa.

Boas práticas

Ao falar das boas práticas em eficiência energética, Alexandre Schinazi, diretor técnico da Mitsidi Projetos, destacou as normas que regulam atualmente o Programa Minha Casa, Minha Vida: portarias da SNH/MDR e Cartilha da Caixa Econômica Federal. “Mas temos também as normas que indiretamente interferem no programa: ABNT NBR 15.575 e 15.220, PBQP-H, selo Procel, códigos de obras municipais, programas estaduais e municipais para HIS, concursos para contratação de HIS dentro do programa”, destacou.

Schinazi ressaltou também que estão em evolução a transmitância térmica das paredes, lâmpadas eficientes e sistema de aquecimento de água; e, estão com possibilidade de melhoria áreas de aberturas, orientação solar, iluminação natural, ventilação natural e sombreamento.

Alexandre Schinazi destacou o Guia Interativo de Eficiência Energética em Edificações, um projeto realizado em parceria entre o SindusCon-SP e a GIZ, executado pela Mitsidi em parceria com a Eólica. A ferramenta permite a escolha de soluções para diferentes tipologias com o objetivo de apoiar e fornecer conhecimento técnico aos usuários para construir e operar edificações mais eficientes.

O gestor executivo de planejamento e instalações da MRV, Evandro de Souza Carvalho destacou o trabalho da empresa com foco em eficiência energética. “Temos uma meta de 100% das obras com energia fotovoltaica (FV) até 2022 no Brasil”, afirmou,  complementando que atualmente a empresa possui 232 empreendimentos definidos com FV e aproximadamente 80.000 unidades.

William Medeiros, responsável pelo mercado brasileiro de soluções de fachada com alto desempenho térmico na STO Brasil, destacou as soluções de conforto térmico para habitação e o aspecto do menor impacto ambiental. De acordo com Medeiros, se um edifício com fachada de 5 mil metros quadrados for revestido com o Sistema StoTherm Classic, o peso de todas as camadas do sistema será dez vezes menor do que o gerado pelo sistema tradicional, terá impacto ambiental cinco vezes menor na geração de gás carbônico e gerará 75% menos resíduos sólidos”, afirmou.

 

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