Construcarta Nível de Atividades: Emprego na construção

Redação SindusCon-SP

Por Redação SindusCon-SP

Construcarta Nível de Atividades: Emprego na construção

Por ser um setor fortemente intensivo em mão de obra, o emprego é um dos principais indicadores da evolução da atividade da construção. Nesse sentido, a dinâmica do mercado de trabalho ao longo de 2020 deveria refletir o impacto da pandemia sobre a atividade do setor. No entanto, a questão tornou-se mais complexa, porque a realização das pesquisas também foi atingida pela própria pandemia.

No caso da PNAD contínua do IBGE, que faz a pesquisa diretamente nos domicílios, compreendendo as pessoas empregadas formalmente, sem carteira, por conta própria, os empregadores etc., a necessidade de isolamento impôs mudanças na forma de coleta das informações. A pesquisa passou a ser realizada por telefone desde 17 de março de 2020, o que diminuiu sua abrangência domiciliar.

Já a pesquisa de emprego formal sofreu mudança metodológica ainda antes da pandemia. A partir de janeiro de 2020, as empresas ficaram desobrigadas de informar o Caged e as informações relativas às contratações e demissões passaram a ser coletadas via eSocial. Os números divulgados mensalmente ao longo do ano (novo Caged) resultam de compatibilização das duas pesquisas.

Vale notar que estudos realizados pelo próprio governo apontaram uma subestimação da informação de desligamento por parte das empresas na coleta do eSocial. Para compensar, o novo Caged usa o método de imputação de dados de outras fontes. Ainda assim, há a possibilidade que as demissões estejam sendo subestimadas. A despeito das dificuldades, as duas pesquisas se mantêm como importantes referências da atividade setorial.

É importante notar ainda que a PNAD contínua e o Caged não são comparáveis. Mas ambas registraram os efeitos da pandemia sobre o mercado de trabalho da construção, assim como o movimento de retomada, ainda que em dimensões muito distintas. Os impactos percebidos pela PNAD têm sido mais severos e a recuperação mais lenta. De acordo com a PNAD contínua, no terceiro trimestre do ano (jul/ago/set), o total de ocupados na construção alcançou 5,722 milhões de pessoas, o que representou uma redução de 1,137 milhão de pessoas na comparação com o mesmo trimestre de 2019, ou ainda uma queda de 16,6%.
Considerando todo o ano até setembro, a queda foi de 12,8%. O pior momento ocorreu no segundo trimestre, com melhora no último período, embora não suficiente para retomar o nível de ocupação registrado na fase anterior à pandemia.

A pesquisa do IBGE abrange o empregador e o emprego formal e informal. No terceiro trimestre de 2020, o trabalhador por conta própria representava mais da metade da ocupação (52%), enquanto o sem carteira e o com carteira respondiam por 20% e 22%, respectivamente.

Na comparação com o terceiro trimestre de 2019, houve queda em todas as posições. A PNAD mensal apontou continuidade da retomada no trimestre ago/set/out: mas ainda assim, a diferença para o mesmo período de 2019 foi de – 936 mil ocupados.

Os números do Caged referentes ao emprego com carteira mostram uma dinâmica mais positiva. A pesquisa também indicou que os meses de mar/abr/mai foram os piores – o setor fechou 113,6 mil postos. A partir de junho as contratações voltaram a superar as demissões e no ano até novembro a construção registra um saldo positivo de 157,9 mil empregos, o que levou o estoque a alcançar 2,325 milhões de trabalhadores, com crescimento de 7,3% em relação a dezembro de 2019. Vale notar que a construção foi o setor que registrou o maior saldo líquido positivo no período.

Entre os segmentos de atividade setorial, a infraestrutura foi a maior contratante, respondendo por 42% do saldo do ano. Edificações e serviços especializados dividiram igualmente o saldo restante (29% cada). Na comparação com dezembro de 2019, o número de empregados na infraestrutura aumentou 10,5%, enquanto em Serviços e Edificações, a alta foi 6,9% e 5,3%, respectivamente.

As regiões Norte e Centro-Oeste registraram as maiores taxas de crescimento na comparação com dezembro de 2019, enquanto na região Sudeste, a alta ficou abaixo da média nacional.

No estado de São Paulo, a dinâmica ao longo do ano foi semelhante à dinâmica nacional – demissões acima das contratações nos meses de março a maio e retomada a partir de junho. Com um saldo líquido de 35,3 mil postos formais no ano, o estoque em novembro alcançou 608,5 mil empregados, com crescimento de 6,2% em relação a dezembro de 2019. No estado, os segmentos de serviços especializados e infraestrutura responderam pelo maior número de empregos abertos no ano – 39% e 31% respectivamente.

A íntegra da análise realizada pela FGV em parceria com o SindusCon-SP está disponível aqui.

 

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