Construcarta Nível de Atividades: Demanda fraca leva Inflação para baixo da meta
Em maio, o IPCA registrou queda de 0,38% na comparação com abril. Pelo segundo mês consecutivo, o índice oficial de inflação registrou variação negativa, refletindo a demanda enfraquecida e a dificuldade de repasse ao consumidor dos aumentos de custos provocados pela desvalorização cambial. Assim, no ano a variação do IPCA está também negativa (-0,16%). O resultado reforça a projeção de uma taxa acumulada no ano inferior a 2% , permitindo o Bacen reduzir novamente a taxa Selic, que passou para 2,25% a.a. em junho.
Por outro lado, o Índice Geral de Preços (IGP-M) tem captado as pressões derivadas da desvalorização cambial observada no ano. Em junho, os aumentos dos combustíveis (gasolina e diesel) determinaram forte aumento dos preços ao produtor. O IPA-M teve alta de 2,25% no mês e passou a registrar elevação 6,16% no ano.
O IPC-M acusou aceleração da inflação no mês ao passar de -0,60% em maio para 0,04% em junho, mas se mantém em patamar inferior aos demais componentes do IGP, confirmando o cenário de retração severa da atividade que impede o repasse dos aumentos ao consumidor. No ano, o índice tem variação de 0,41%.
O INCC-M teve alta de 0,32% em junho, o que representou aceleração ante a taxa de 0,21% de maio.
O componente Mão de Obra, pelo terceiro mês seguido, não registrou variação e tem taxa acumulada em 2020 de apenas 0,54%. A baixa taxa do índice decorre do adiamento dos acordos coletivos permitido no contexto da crise causada pela COVID-19. Até maio apenas em Salvador houve aumento dos pisos salariais. O reajuste de Recife foi adiado para agosto e o reajuste concedido em São Paulo – de 2,46% para os salários até R$ 6 mi, e reajuste por livre negociação para os salários acima deste valor – deverá ser captado apenas em julho. O componente Serviços também acusa baixa variação no ano, com elevação de 1,77%.
Por sua vez, em junho, o INCC-M Materiais e Equipamentos teve aumento de 0,81%, configurando o terceiro mês de aceleração. Coube ao componente responder pelas maiores altas dos custos setoriais no ano. Com elevação de 3,39% em 2020 até junho, o índice contribuiu com 73% do aumento do INCC-M no período.
Na cesta que compõe o INCC-M, a contribuição para a taxa do mês veio, principalmente, dos Tubos e Conexões de PVC (3,38%) e Cimento (2,02%). No ano, os Condutores Elétricos registram a maior variação (12,06%), seguido por Argamassa (7,43%). Com essa composição de aumentos, o INCC-M registra variação no ano de 1,69%, que é inferior ao resultado observado em 2019 (1,81%) e é a menor taxa alcançada em um semestre nos últimos 26 anos, ou ainda, desde a estabilização dos preços promovida pelo Plano Real.
A íntegra da análise realizada pela FGV em parceria com o SindusCon-SP está disponivel aqui.
