Construcarta Conjuntura: PIB tem primeira queda desde 2016

Redação SindusCon-SP

Por Redação SindusCon-SP

Construcarta Conjuntura: PIB tem primeira queda desde 2016

O PIB brasileiro apresentou queda de 0,2% no primeiro trimestre deste ano na comparação dessazonalizada com o trimestre anterior. Foi a primeira retração da série desde o quarto trimestre de 2016, quando o indicador começou a se recuperar da recessão iniciada em 2014.
O resultado veio em linha com as expectativas de mercado e confirma que as incertezas políticas, somadas ao avanço lento das reformas econômicas, colocaram o país em clima de estagnação.
Considerando os três grandes setores que compõem a economia, também registraram queda a indústria (variação de -0,7%) e a agropecuária (-0,5%). Apesar de responder por mais de 60% do PIB, o avanço no setor de serviços (0,2%) não foi suficiente para reverter o resultado global frente ao período anterior. O mau desempenho da mineração (-6,3%) contribuiu para a retração registrada na indústria. Esse resultado foi diretamente causado pelas consequências da tragédia em Brumadinho. Mas a construção civil e a indústria de transformação também registraram desempenho desfavorável frente ao último trimestre do ano passado: -2% e -0,5%, respectivamente.
Esse cenário desfavorável é confirmado pelo perfil da queda em termos dos grandes componentes da demanda agregada. A formação capital teve forte retração: 1,7% frente ao último trimestre de 2018. O consumo das famílias e do governo tiveram altas discretas nessa base de comparação: 0,3% e 0,4%, respectivamente.
No acumulado em quatro trimestres, o PIB ainda registra despenho favorável (0,9%). No entanto, o desempenho geral da atividade econômica deve gerar novas revisões do crescimento projetado para o ano fechado de 2019. Até sexta-feira passada, o Relatório Focus ainda apresentava uma projeção média de mercado acima de 1%. Em janeiro, as expectativas eram de alta do PIB de 2,5%. Frente à consolidação do quadro de estagnação no primeiro semestre e na ausência de uma melhora significativa do ambiente político, essas expectativas devem ser novamente ajustadas, apontando para um crescimento no ano mais próximo de zero.
Todo esse quadro tem estimulado alguns economistas a sugerirem que o Banco Central reduza a taxa básica de juros como forma de estimular a demanda e “salvar” o PIB do ano de 2019. Essa é, a um só tempo, uma alternativa duvidosa e temerária. Duvidosa porque a eventual expansão do crédito, consequência da baixa na Selic, pode esbarrar na aversão ao risco do sistema financeiro. A redução da taxa de juros básica estimula, mas não determina por si só o aumento da oferta de crédito e, por conseguinte, da demanda agregada, sobretudo em um ambiente tão incerto quanto o atual. Por outro lado, a baixa da Selic em um contexto de inflação acima da meta (que é de 4% para 2020) caracterizaria o abandono do regime de metas para a inflação, ampliando ainda mais as incertezas sobre os rumos da política econômica.
Tudo o mais constante, a volta a uma trajetória de crescimento depende muito mais da melhoria do ambiente de negócios do que de estímulos com efeitos por vezes duvidosos e com foco no curto prazo.

A análise mensal do SindusCon-SP e da FGV/Ibre está disponível aqui

 

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