Construção reforça pleito de importação de aço junto a Guedes

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Construção reforça pleito de importação de aço junto a Guedes

A CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) e outras entidades da construção reuniram-se em 17 de junho com o ministro da Economia, Paulo Guedes, para reiterar o pleito de isenção do Imposto de Importação do aço, em função da onerosidade excessiva do insumo.

Segundo o presidente da CBIC, José Carlos Martins, o ministro relatou ter ouvido os argumentos contrários da indústria do aço, expostos em recente reunião com a presença do presidente da República. Guedes evitou comentar o pleito da construção, disse que irá analisar o caminho a ser tomado e que está trabalhando para reduzir as alíquotas de importação em geral. Acrescentou que negocia com o Mercosul a redução em 10% das alíquotas de importação.

Martins informou que também foram mostrados ao ministro os impactos dos aumentos do aço e de outros insumos e a necessidade de reequilibrar os contratos. Relatou que o presidente da Comissão de Infraestrutura da CBIC, Carlos Eduardo Jorge, após a reunião seguiu para o Tribunal de Contas da União, a fim de tratar desse reequilíbrio.

Disse ter mostrado a Guedes que o encarecimento das obras reduzirá a contratação de habitação e infraestrutura por parte do governo, devido à limitação orçamentária, o que será nocivo para o país. E que a redução do preço do aço na China, junto com a queda do dólar, deveria ter reduzido expressivamente o preço do aço no Brasil, em vez do próximo aumento anunciado pela indústria siderúrgica nacional para julho.

“A situação passou dos limites, ninguém aguenta mais, quem contratou não consegue entregar, há concorrências que estão ficando desertas. O aço deve ter subido 120% a 130% de março de 2020 a junho de 2021. Um estudo do Crédit Suisse mostrou que o produto importado nos custaria 24% a menos que o nacional, mas a diferença diminui para cerca de 6% se considerarmos os custos de certificação do produto e da importadora, além do aumento no frete”, afirmou.

O presidente da CBIC informou ao ministro que o setor imobiliário teve aumento de 21% nas vendas e de apenas 3% nos lançamentos, no primeiro trimestre deste ano. Mostrou-lhe também o ritmo declinante do crescimento do emprego na construção nos primeiros quatro meses do ano.

Segundo Martins, a entidade também atuará junto ao Congresso, para fazer andar o projeto de lei do senador Jader Barbalho, que zera a alíquota de importação do aço para a construção civil e os equipamentos agropecuários.

O pleito apresentado ao ministro é de redução da alíquota do aço por seis meses a um ano, segundo o presidente do Secovi-SP (Sindicato da Habitação), Basilio Jafet. Isto provocaria um choque de oferta e barraria a elevação contínua dos preços do insumo.

Estímulo à importação

O presidente da CBIC instou as empresas a se unirem em sindicatos e cooperativas tanto para importar como para negociar com os fabricantes nacionais. Citou o exemplo da indústria automobilística nacional que, segundo ele, importa 35% do aço que consome. “Vamos importar, unam-se dentro dos sindicatos juntando um volume de compras razoável para trazermos de fora. Não podemos ser reféns de determinadas situações.”

De acordo com Martins, a entidade manterá nova reunião em 21 de junho no Ministério da Economia e espera que o pleito avance.

Dionyzio Klavdianos, presidente da Comissão de Materiais, Tecnologia, Qualidade e Produtividade da CBIC, relatou que o aço importado pela Copercon de Santa Catarina deverá chegar ao Brasil no final de junho.

Segundo ele, a pedido da Copercon Brasil, Copercon Ceará e outras associações do Norte, Nordeste e Centro-Oeste, o Instituto Falcão Bauer deverá concluir até a primeira quinzena de julho a certificação de aço a ser importado. Afirmou que, em São Paulo, empresas do Interior estariam formando uma cooperativa local para participar do processo e que Estados como o Maranhão e a Bahia voltaram a organizar cooperativas.

José Carlos Gama, presidente do Conselho Jurídico da CBIC, relatou que a Copercon Ceará teria obtido da indústria nacional um fornecimento de aço por menor preço do que o pago por grandes construtoras. Ele relatou o caso de uma construtora que contratou e pagou antecipadamente pelo aço, e 30 dias depois a siderúrgica exigiu um complemento, ameaçando não entregar o produto e devolver o dinheiro se o adicional não fosse pago.

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