Construção está pessimista em relação aos próximos meses, apura a FGV

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Construção está pessimista em relação aos próximos meses, apura a FGV

O Índice de Confiança da Construção (ICST), da Fundação Getulio Vargas, avançou 3 pontos em maio, atingindo 68 pontos. Apesar do resultado positivo, o índice acumula queda de 26,2 pontos em relação a janeiro (94,2 pontos, o maior valor desde maio de 2014). A pontuação vai de 0 a 200, sendo que a partir de 100 denota-se otimismo. A pesquisa coletou informações de 566 empresas entre os dias 1 e 22 de maio.

“Apesar do aumento da confiança, não é possível afirmar que o pior momento da crise deflagrada pela Covid já passou. Os impactos negativos sobre o setor da construção continuam bastante intensos, atingindo os negócios em andamento em todos os segmentos. Em maio, 51% das empresas indicaram diminuição da atividade e 63% que o ambiente de negócios está fraco”, comenta Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção da FGV IBRE. “A ‘despiora’ do Indicador de Confiança refletiu expectativas menos negativas, mas que se mantiveram em patamar ainda representativo de um grande pessimismo com os próximos meses”, acrescentou.

A leve alta do ICST em maio decorre de melhora relativa das expectativas dos empresários para os próximos três e seis meses. O Índice de Expectativas (IE-CST) cresceu 9,8 pontos, para 69,7 pontos. Apesar de esta ser a maior variação mensal positiva da série, recupera apenas parte da perda de 44,3 pontos entre janeiro e abril desse ano. Ambos os indicadores de demanda prevista e de tendência dos estoques apresentaram alta e agora se encontram e nível parecido: 69,6 pontos e 69,9 pontos, respectivamente.

Em sentido oposto, o Índice de Situação Atual (ISA-CST) cedeu 4,1 pontos, para 66,8 pontos, o menor valor desde setembro e outubro de 2017 (66,2 pontos). Nesse mês, o indicador de carteira de contratos foi o que mais contribuiu para a queda do ISA-CST ao recuar 6,6 pontos, para 69,2 pontos, o menor valor desde junho de 2018 (68,4 pontos).

Por sua vez, o indicador de situação atual dos negócios passou de 66,2 pontos para 64,8 pontos, o menor valor desde maio de 2017 (64,6 pontos).

Impacto do coronavírus

A falta de demanda se mantém como principal fator limitativo à melhoria dos negócios, mas por assinalação espontânea, a contaminação pelo coronavírus alcançou o segundo posto no ranking desses fatores.

Em resposta que permitia múltiplas assinalações, a demanda insuficiente foi apontada por 58,1% das empresas; o coronavírus obteve 81,6% das assinalações das 41,5% que assinalaram outros fatores, além dos tradicionalmente listados.

“Para as empresas da construção que estavam tentando retomar um novo ciclo de negócios, a Covid-19 representa uma grande mudança de cenário”, observou Ana Castelo.

Utilização da capacidade

O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) do setor apresentou acréscimo de 4,1 pontos percentuais, para 61,7%. Os Nucis de Mão de Obra e de Máquinas e Equipamentos apresentaram variação parecida (4 p.p e 4,3 p.p.) e alcançaram 62,8% e 56,8%, respectivamente.

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