Construção em Madeira

Daniela Barbará

Por Daniela Barbará

Construção em Madeira

O SindusCon-SP atua há vinte anos na área ambiental. “No caso da madeira nós trabalhamos em conjunto com uma série de entidades. A questão da compra da madeira foi um problema porque os construtores não sabiam comprar. Com isso desenvolvemos guias que orientam a especificação e aquisição da madeira”, afirmou o vice-presidente do SindusCon-SP, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto no painel módulos construtivos do segundo dia do seminário Ideias Inovadoras para a Cadeia da Construção em Madeira, realizado no auditório do sindicato no dia 11 de junho.

Conheça o Guia Aquisição responsável de madeira na construção civil e o Manual: Uso Sustentável da Madeira na Construção Civil.

A coordenadora do Programa Madeira Legal, Lilian Sarrouf destacou em sua apresentação o Programa Aquisição Responsável de Madeira na Construção Civil que tem o objetivo de capacitar as construtoras sobre a melhor forma de cumprir a legislação ambiental com relação a compra e a utilização da madeira e de produtos madeireiros, bem como criar mecanismos que evitem a aquisição de madeira de origem ilegal ou predatória. Lilian, que também é coordenadora técnica do Comitê de Meio Ambiente (Comasp), destacou que o SindusCon-SP considera que a construção sustentável é uma questão estratégica para o setor  já que este é um assunto primordial para a competitividade das empresas.

Conheça mais atividades do SindusCon-SP relacionadas ao meio ambiente aqui

Renascimento do Mercado

Para Juan José Ugarte, diretor do Centro de Innovación en Maderas (CIM) do Chile, seu país deve ser capaz de iniciar um processo para reduzir seus altos níveis de poluição ambiental, consumo de energia e geração de resíduos, por meio de uma melhoria significativa no nível de produtividade e qualidade na construção de madeira, melhorando assim a qualidade de vida das populações. O Chile tem uma demanda de 500.000 novas casas para famílias vulneráveis e 1.200.000 que devem melhorar seu padrão de habitabilidade. Uma casa de 50 m² usa uma média de 5 m³ de madeira.

De acordo com Ugarte, 32% do estoque de casas no Chile são feitos de madeira.  Para melhorar esses números na opinião do diretor chileno, é necessário confrontar as barreiras culturais, promover o desenvolvimento regulatório, desenvolver a capacitação, criar um novo conhecimento e apoiar a sofisticação industrial. “O Chile deve ter um edifício todo em madeira com 15 andares ou mais em 2025”, afirmou.

Velocidade e economia em habitações sociais foi o tema tratado por Pedro Moreira, fundador e diretor de engenharia de produto da Tecverde. Em sua apresentação, o executivo destacou que a construção é importante para a economia mundial mas tem um histórico de baixa produtividade, de acordo com o relatório McKinsey sobre produtividade na construção civil. “Os gastos relacionados à construção civil equivalem à 13% do PIB Mundial, mas a produtividade anual do setor aumentou apenas 1% nos últimos 20 anos. O total de R$ 1,6 trilhão poderia ser gerado por meio da produtividade se apenas metade da necessidade mundial de infraestrutura fosse suprida”, afirmou Moreira, complementando que ações em sete áreas da construção podem aumentar a produtividade no setor em 50-60%: reformar a legislação, reformar contratos, repensar projetos, melhorar supply chain, melhorar execução no canteiro, implementar tecnologia e inovação e capacitar funcionários. “É necessário mudar a cultura organizacional passando da cultura de canteiro para a cultura da indústria e linha de produção”, afirmou Moreira.

Daniel Salvatore, diretor de tecnologia da Ita Construtora apresentou o case Moradas Infantis – Fundação Bradesco.  Projeto premiado internacionalmente, com 25.700 m2  de área construída  utilizou 1.200 mde volume de madeira que foram fabricadas de janeiro a outubro de 2016 com a montagem no período de abri a novembro de 2016.

O sócio proprietário da Rewood, Calil Neto, apresentou o case da casa na Estação Ambiental de Juréia da Fundação para a Conservação e a Produção Florestal do Estado de São Paulo (Fundação Florestal), que contou com uma área total de 388,26 m². A Rewood trouxe para a América Latina uma tecnologia com design inovador, a madeira laminada colada (MLC), que permite fazer as mais diversas estruturas.

Normas e Desafios

Os principais desafios para a construção de edifícios altos em madeira no Brasil, de acordo com Luciana A. de Oliveira, engenheira civil do IPT envolvem cinco aspectos do setor: cenários, elementos e segmentos, capacitação técnica, qualificação e regulamentação. “A solução é criar um plano de ação que permeie os pontos de forma integrada”, afirmou Luciana. De acordo com Luciana, a regulamentação de fornecedores deve evitar problemas logísticos da cadeia e eliminar problemas técnicos da madeira serrada como nós, madeira verde, fissuras.

Rosaria Ono, vice-diretora do Museu Paulista destacou em sua participação no evento que a proteção contra incêndio visa principalmente pessoas, objetos e bens, informações, edifício, e especialmente o meio ambiente, que é severamente prejudicado. “Um incêndio tem um efeito devastador, pois põe em risco toda a sociedade independentemente de condições sociais, culturais, políticas e geográficas; além de causar perdas e danos irrecuperáveis”, afirmou.

Sobre regulamentação de Segurança contra Incêndio no Brasil, Rosaria destacou as estaduais ligadas aos corpos de bombeiros que aprovam o projeto de segurança contra incêndio e emitem Autos de Vistorias ou documentos semelhantes do Corpo de Bombeiros e suas manutenções periódicos.

Normatização para construção em madeira foi o tema abordado pelo engenheiro civil Guilherme Stamato diretor da Stamade. Stamato ressaltou que a norma de Woodframe ainda está em elaboração em fase de revisão final de texto para submissão à consulta pública. Desenvolvida pela comissão “Casa Inteligente” sediada na Fiep em Curitiba, o texto mantém o foco no atendimento à norma de Desempenho 15.575, seguindo parâmetros previamente estabelecidos na Diretriz SINAT 005 e é aplicável neste primeiro momento às casas térreas e os sobrados, residenciais ou comerciais. “Tradicionalmente em linhas gerais quando não encontramos detalhamento do que precisamos nas regras brasileiras usamos como consulta e direcionamento o Eurocode que apresenta parâmetros mais detalhados e precisos”, afirmou.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O que você precisa saber.
As últimas novidades sobre o mercado,
no seu e-mail todos os dias.

Pular para o conteúdo