Construção ainda pode crescer pouco em 2018

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Construção ainda pode crescer pouco em 2018

Ainda é provável um crescimento do PIB do setor da construção em 0,5% neste ano, a menos que o governo volte a retirar recursos da infraestrutura, paralisando obras. Na indústria da construção, mantém-se a previsão de um declínio menor no nível emprego do que em anos anteriores, chegando-se ao final de 2018 com queda de 2,5% (-81 mil vagas).
Estas perspectivas foram enunciadas pela economista Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção do Ibre/FGV, ao fazer sua apresentação na Reunião de Conjuntura do SindusCon-SP, em 12 de junho.
IMG_0527“Teremos que nos preparar para tempos difíceis quando, mais adiante, iniciar-se uma recuperação do setor”, comentou Eduardo Zaidan, vice-presidente de Economia do sindicato, ao coordenar o evento. “A recuperação será bem-vinda, embora com problemas: faltarão infraestrutura, insumos, energia.”
A perspectiva de manutenção de um crescimento da construção apresentada por Ana Maria baseia-se nos dados existentes até abril: melhora gradativa nas vendas e lançamentos do setor imobiliário, alavancada pelas contratações do programa Minha Casa, Minha Vida; diminuição dos distratos; aumento da produção de materiais; crescimento das expectativas empresariais positivas em relação principalmente aos segmentos de preparação de terrenos e de edificações residenciais.
A economista ponderou que os dados ainda não refletem o impacto da redução da produção de materiais, decorrente da greve dos caminhoneiros. “As vendas de cimento em maio caíram 20%. Nos próximos meses, parte dessa queda pode ser recuperada, mas parte pode ser adiada, em função das dúvidas quanto aos rumos da economia e ao ânimo dos investidores privados”, ressalvou.
IMG_0526Para o economista e professor da FGV Robson Gonçalves, diante do baixo nível de investimentos, não se espera um crescimento expressivo da economia. “Viveremos mais alguns anos de crise crônica e dificuldades de governabilidade. Projeções indicam ser possível voltar ao nível de atividade econômica existente no período 2013-2014, em meados de 2021. Não há sinais de reversão deste quadro”, analisou.
Na visão de Gonçalves, nesta perspectiva cabe à sociedade se organizar e formular propostas de recuperação sustentável da atividade econômica, “até para evitar o uso populista da construção civil e evitar os subsequentes voos de galinha no desempenho deste setor” – referindo-se à possibilidade de adoção de medidas emergenciais para elevar o nível de emprego na construção, mas que posteriormente não se sustentem, levando a novas quedas.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

O que você precisa saber.
As últimas novidades sobre o mercado,
no seu e-mail todos os dias.

Pular para o conteúdo