ConstruBusiness: Fiesp critica ritmo lento na queda dos juros

Rafael Marko

Por Rafael Marko

ConstruBusiness: Fiesp critica ritmo lento na queda dos juros

O presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo, Paulo Skaf, criticou duramente o ritmo de redução da taxa Selic, na abertura do 12º ConstruBusiness (Congresso Brasileiro da Construção), em 5 de dezembro, na Fiesp. “O Banco Central tem autonomia, mas ele está errando. Anteriormente, tínhamos um juro real de 3%. Hoje, com a inflação em queda e prevista para chegar a 5% em 2017, temos um juro real próximo a 9%. Para retomar o crescimento, além do teto para os gastos públicos e as reformas, precisamos recuperar o consumo. E não é possível ter consumo com esses juros altos”, afirmou.
Pelo SindusCon-SP, participaram do evento o presidente José Romeu Ferraz Neto; o representante do sindicato junto à Fiesp, João Claudio Robusti, e o diretor adjunto do Deconcic (Departamento de Construção Civil da Fiesp), Cristiano Goldstein.
Construbusiness - geral_2O presidente da Fiesp considerou que as reformas fiscal, tributária, trabalhista e política devem ser equacionadas no médio prazo, “mas temos uma questão de curtíssimo prazo, os juros”, afirmou Skaf, referindo-se tanto à taxa Selic como ao crédito ao consumidor e criticando juros do cheque especial na faixa de 500% ao ano.
Skaf também censurou os atritos entre Legislativo, Ministério Público e Judiciário ocorridos nas últimas semanas. “Não podemos ter crise institucional, isso traz insegurança e vai aumentar o número de desempregados de 13 milhões para 20 milhões. Com relação aos desdobramentos da Lava-Jato, é preciso haver punição. Mas também precisa haver respeito entre os Poderes. Não é hora de instituições disputarem poder”, afirmou.
Pelo celular
Falando ao público pelo viva-voz do celular do presidente da Fiesp, o presidente Michel Temer afirmou que as iniciativas tomadas pelo seu governo de estímulo à construção civil têm amplo potencial de geração de emprego. Citou como exemplos a retomada das obras de infraestrutura, a continuação do Programa Minha Casa, Minha Vida, o Cartão Reforma com recursos de R$ 500 milhões a fundo perdido para aquisição de materiais de construção pela população de baixa renda e o aumento do valor dos imóveis para financiamento imobiliário. “Tenho a mais absoluta convicção de que devemos melhorar a infraestrutura do país”, enfatizou.
O presidente da República também citou a aprovação do teto para os gastos públicos e informou que à tarde se reuniria com os líderes do Senado e da Câmara para tratar da reforma da Previdência, que em seguida seria encaminhada ao Congresso.
Economia fora da UTI
Construbusiness - Henrique MeirellesJá o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, admitiu que o país vive a mais grave recessão de sua história e defendeu as medidas adotadas pela equipe econômica “para dar condições à iniciativa privada de fazer seu papel”. Ele descartou novos aumentos de impostos e comparou a atividade econômica a um paciente: “Já saiu da UTI, não está correndo, mas em pleno processo de recuperação”.
O ministro das Cidades, Ronaldo Nogueira, anunciou que em breve o governo irá enviar ao Congresso uma proposta de reforma da legislação trabalhista. Comentou que seu Ministério está trabalhando para facilitar a utilização do FGTS pelo setor produtivo. E informou que o Programa de Proteção ao Emprego (PPE) passará por mudanças e ampliações, e será denominado Programa de Seguro de Emprego (PSE).
O vice-governador de São Paulo, Marcio França, representando o governador Geraldo Alckmin, também defendeu o aumento de ritmo da redução da taxa Selic. “Precisamos de juros mais baixos, especialmente a construção civil”. O deputado estadual Itamar Borges, da Frente Parlamentar da Indústria da Construção, anunciou que apresentará um projeto de lei, elaborado em conjunto com o Deconcic/Fiesp, para inspeção predial.
Um resumo das propostas do ConstruBusiness foi apresentado pelo diretor titular do Deconcic, Carlos Eduardo Auricchio. Destacando que para cada R$ 1 investido na construção são gerados R$ 2 na economia, ele preconizou a necessidade de R$ 682 bilhões por ano em investimentos no setor até 2022. Defendeu a continuidade dos programas Minha Casa, Minha Vida e Aceleração do Crescimento, além de medidas emergenciais e estruturais. E lamentou que a queda de quase 20% em investimento na construção entre 2014 e 2016 tenha levado o setor a retroceder ao nível de 2009, uma vez que a construção é responsável por 13,7% das ocupações no Brasil, salientou.
O caderno técnico com as propostas do 12º ConstruBusiness foi distribuído às autoridades e ao público presente.
Convênios
Com o objetivo de formar um grupo de trabalho com representantes da Fiesp e do governo para que as propostas do ConstruBusiness municiem as políticas públicas, o ministro das Cidades, Bruno Araújo, firmou protocolo de intenções com o presidente da Fiesp.
Um segundo protocolo de intenções foi assinado entre o presidente da Associação Paulista de Municípios, Carlos Alberto Filho, o presidente da Fiesp e o deputado Itamar Borges, para buscar padronizar os Códigos de Obras municipais do Estado e desenvolver ações de redução da burocracia nos licenciamentos de obras, como a aprovação integrada de projetos.
Já os ministros das Cidades, do Trabalho e o presidente da Fiesp assinaram protocolo de intenção que terá a participação do Ministério das Minas e Energia, para a elaboração de projetos para o uso de energia renovável (fotovoltaica) em moradias subsidiadas com recursos públicos.

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