Confiança da construção declina em março, apura a FGV

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Confiança da construção declina em março, apura a FGV

O Índice de Confiança da Construção (ICST), da Fundação Getulio Vargas, recuou 2 pontos em março, alcançando 90,8 pontos e se mantendo na faixa do pessimismo moderado. Apesar de duas quedas consecutivas, a média do índice no primeiro trimestre de 2020 (92,6 pontos) é 2,7 pontos maior do que a média do quarto trimestre de 2019 (89,9 pontos).

Pela primeira vez, a percepção do impacto da covid-19 provocada pelo novo coronavírus apareceu como um dos fatores limitantes aos negócios, embora ainda em pequena proporção. A pontuação vai de 0 a 200, sendo que a partir de 100 denota otimismo. A Sondagem Nacional da Construção da FGV pesquisou as percepções de 708 empresas do setor entre os dias 2 e 23 de março.

De acordo com a coordenadora de Projetos da Construção da FGV/Ibre, Ana Maria Castelo, “a disseminação da covid-19 muda o cenário de percepção. Em março, ainda não houve impacto expressivo nos negócios correntes, mas o Indicador de Expectativas já aponta a deterioração do cenário. O segmento de Serviços Especializados, formado por um conjunto grande de pequenos empreiteiros, certamente sentirá mais e já em março foi o que acusou o maior impacto nas expectativas”, comentou a economista.

O resultado negativo do ICST em março refletiu a piora da percepção dos empresários principalmente em relação às expectativas para os próximos três e seis meses. O Índice de Expectativas (IE-CST) cedeu 3,5 pontos, para 95,5 pontos, o menor valor desde junho de 2019 (92,9 pontos). O indicador de demanda prevista apresentou queda de 3,6 pontos, para 96,1 pontos, enquanto o indicador de tendência dos negócios para os próximos seis meses caiu 3,5 pontos, para 94,8 pontos.

Em relação ao momento presente, o Índice de Situação Atual (ISA-CST) apresentou acomodação, após nove avanços consecutivos, recuando de 86,7 pontos para 86,3 pontos. Apesar da queda do indicador de carteira de contratos de 1,5 ponto, para 85,1 pontos, o indicador de situação atual dos negócios apresentou aumento de 0,8 ponto, para 87,7 pontos.

Fatores limitantes

A demanda insuficiente permanece como o principal fator de limitação à melhoria dos negócios das empresas da construção, com 51,9% das assinalações, em pergunta que permitia mais de uma resposta. Seguem-se a competição dentro do próprio setor (32,3%) e limitações financeiras e dificuldade de acesso ao crédito bancário (18,3% cada).

O quesito Outros Fatores limitantes aos negócios recebeu apenas 13,9% das assinalações, assim divididas: cenário macroeconômico (54,3%), coronavírus (31,4%) e outros (14,3%). Nos próximos meses, a covid-19 deverá ter impactos expressivos na atividade corrente e poderá afetar o movimento de retomada da construção, observou Ana Castelo.

Utilização da capacidade

O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) do setor recuou pelo terceiro mês consecutivo.  A queda de 1 ponto percentual (p.p.) levou ao patamar de 69,6%, o menor desde setembro de 2019. Neste mês, a maior influência para esse resultado foi a queda de 1,2 p.p. do Nuci de Mão de Obra, já que o Nuci de Máquinas e Equipamentos avançou 0,8 p.p.

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