Confiança da construção ainda não alcança o otimismo 

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Confiança da construção ainda não alcança o otimismo 

Menos pessimistas com relação ao nível atual de sua atividade, porém algo mais descrentes com relação às perspectivas para os próximos seis meses. Resultante dessas percepções dos empresários do setor, o Índice de Confiança da Construção (ICST) da Fundação Getulio Vargas (FGV) ficou praticamente estável em dezembro (+0,1 ponto), em relação ao índice de novembro, alcançando 93,9, pontos e se acomodando em nível próximo ao observado antes da pandemia.

A média do índice no quarto trimestre de 2020 (94,3 pontos) ficou 6,6 pontos maior do que a média do terceiro trimestre de 2020 (87,7 pontos). A pontuação do índice vai de 0 a 200, sendo que a partir de 100 denota otimismo. A pesquisa coletou informações de 669 empresas entre os dias 1 e 21 de dezembro.

A economista Ana Maria Castelo, coordenadora de Projetos da Construção da FGV/Ibre, considerou positiva a acomodação da confiança do setor em dezembro, em patamar menos pessimista em relação ao do mesmo mês de 2019, levando-se em consideração todas as dificuldades suscitadas pela pandemia em 2020.

“Vale destacar o aumento do Indicador de Evolução Recente de Atividade, apesar do maior percentual das assinalações relativas à escassez e ao custo das matérias primas. Por outro lado, as expectativas continuam se deteriorando e os empresários estão mais pessimistas do que estavam no ano passado em relação ao futuro. Além das incertezas do cenário econômico, esse pessimismo parece estar relacionado às dificuldades recentes das empresas”, comentou Ana Maria.

O Índice de Situação Atual (ISA-CST) aumentou 0,9 ponto para 92,4 pontos, o maior valor desde agosto de 2014 (93 pontos). Os indicadores de situação atual dos negócios e carteira de contratos avançaram, respectivamente, 1,2 ponto e 0,6 ponto, para 94,8 pontos e 90,1 pontos.

Entretanto, Índice de Expectativas (IE-CST) diminuiu pelo segundo mês consecutivo, de 96,2 pontos para 95,5 pontos. A queda de 2,6 pontos do indicador de tendência dos negócios compensou o avanço de 1,3 ponto do indicador de demanda prevista.

Escassez e alta de preços de materiais 

A desorganização da produção e a alta das matérias-primas têm repercutido fortemente no setor da construção. Em dezembro, entre os fatores limitativos apontados pelos empresários, em resposta de múltiplas assinalações, a escassez de material de construção alcançou 20% das assinalações, um recorde histórico da Sondagem. Por sua vez, a elevação de preços foi apontada por 21,6% das empresas.

“Essas questões atingem todos os segmentos do setor da construção e se apresentam como uma limitação adicional e com potencial crescente no processo de retomada”, avaliou Ana Castelo.

Utilização da Capacidade 

O Nível de Utilização da Capacidade (Nuci) variou 0,2 ponto percentual (p.p.), para 72,9%. O resultado ligeiramente positivo foi influenciado pelo aumento de 0,2 p.p. do Nuci de Mão de Obra (de 73,9% para 74,1%), em contrapartida ao recuo de 0,3 p.p. do nível de atividade de Máquinas e Equipamentos (de 65,9% para 65,6%).

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