CNI: juros elevados passam a ser o principal problema da construção

Rafael Marko

Por Rafael Marko

CNI: juros elevados passam a ser o principal problema da construção

As expectativas tornaram-se mais moderadas, mas ainda permanecem otimistas

No terceiro trimestre de 2022, a taxa de juros elevada passou a ocupar a primeira posição no ranking dos principais problemas da indústria da construção. Há cinco trimestres consecutivos essa questão vinha aumentando gradualmente o percentual de assinalações.

Isto foi o que apurou a Sondagem Nacional da Construção da CNI (Confederação Nacional da Indústria), realizada junto a 369 empresas, sendo 131 pequenas, 154 médias e 84 grandes, de 1º a 11 de outubro. A pontuação vai de 0 a 100, denotando otimismo a partir de 50.

Após oito trimestres seguidos ocupando o primeiro lugar, a falta ou alto custo de matéria-prima saiu do topo do ranking dos maiores problemas da construção e passou para a terceira posição. O problema foi apontado por 27,1% dos empresários, o que correspondeu a uma queda de 20,6 pontos percentuais (p.p.) frente ao trimestre anterior. Esse é o menor registrado desde o segundo semestre de 2020.

A taxa de juros elevada passou a ocupar o primeiro lugar. O problema foi assinalado por 30% das empresas, um aumento de 0,2 p.p. na comparação com o segundo trimestre de 2022.

A elevada carga tributária ocupou a segunda posição do ranking dos principais problemas, registrando 27,6%, um aumento de 3,9 p.p. na comparação com o semestre anterior.

O percentual de empresas que identificaram falta ou alto custo de trabalhadores qualificados cresceu, atingindo 23,4% das assinalações. Desde o terceiro trimestre de 2021, há aumentos sucessivos nas citações deste problema. O percentual registrado no terceiro trimestre de 2022 é o maior da série histórica, indicando que a falta ou o alto custo de trabalhador qualificado está pressionando o segmento da construção de modo significativo.

Confiança recua

Em outubro, o Índice de Confiança do Empresário (Icei) da indústria da construção apresentou queda de 2,6 pontos, passando para 60,1 pontos. A menor confiança é reflexo, principalmente, de uma maior moderação das expectativas dos empresários com relação aos próximos seis meses.

O Índice de Expectativas ficou em 61,3 pontos em outubro, o que representa um recuo de 3,4 pontos em relação a setembro.

Embora em menor intensidade, o outro componente do Icei, a percepção dos empresários da indústria da construção em relação às condições correntes de seus negócios, também caiu em outubro. O Índice de Condições Atuais recuou 1 ponto, passando para 57,6 pontos.

Apesar de menos intensa, a confiança do empresário da construção permanece em patamar elevado (60 pontos) e superior à sua média histórica de 54 pontos.

Expectativas mais moderadas

Os empresários da construção seguem com expectativas otimistas, porém mais moderadas para os próximos seis meses. Na passagem de setembro para outubro de 2022, o otimismo ficou menos intenso e menos disseminado, tendo em vista o recuo em todos os índices analisados – expectativas de nível de atividade, de novos empreendimentos e serviços, de compras de insumos e matérias-primas e de número de empregados.

O índice de expectativa do empresário em relação ao nível de atividade caiu 1,4 ponto, passando para 56,6 pontos. O índice de expectativa de compra de insumos e matérias-primas ficou praticamente estável, com queda de 0,1 ponto, passando para 56,1 pontos.

Os índices de expectativa de novos empreendimentos e serviços e de expectativa do número de empregados apresentaram queda de 0,4 ponto em ambos os casos, passando para 56,2 pontos e 55,6 pontos, respectivamente.

Apesar dos recuos, os indicadores permanecem sinalizando expectativa positiva dos empresários da construção para os próximos seis meses.

Finanças insatisfatórias

No terceiro trimestre de 2022, foi registrada queda no ritmo de alta dos preços dos insumos e das matérias primas da indústria da construção. O índice de preço médio dos insumos e das matérias-primas foi de 60,8 pontos no período, o que corresponde a uma queda expressiva de 12,2 pontos, na comparação do terceiro com o segundo trimestre de 2022.

Os índices de satisfação com a margem de lucro e de condições financeiras tiveram alta de 2,5 pontos e 0,9 ponto, respectivamente, na comparação do terceiro com o segundo trimestre de 2022. Apesar do aumento dos índices, os resultados ainda estão abaixo da linha divisória dos 50 pontos, o que indica insatisfação do empresário frente a essas questões.

Já o índice de facilidade de acesso ao crédito aumentou 1,4 ponto, passando de 38,7 pontos para 40,1 pontos no período. Embora tenha havido aumento do índice, o resultado para o trimestre encontra-se abaixo dos 50 pontos, indicando dificuldade de acesso ao crédito.

Intenção de investir recua

Em outubro, o índice de intenção de investimento da indústria da construção recuou 0,5 ponto, passando de 46,8 pontos para 46,3 pontos. O resultado apresentado no período segue abaixo dos 50 pontos, indicando menor propensão a investir.

Apesar da queda, o índice permanece em um patamar elevado na comparação com a média histórica, de 36,3 pontos.

Desempenho positivo em setembro

O índice do nível de atividade registrou 53,4 pontos em setembro de 2022, resultado acima da linha divisória dos 50 pontos, indicando aumento de atividade frente ao mês anterior. Apesar disso, na comparação de setembro com agosto, houve queda de 1,6 ponto, o que significa atividade em expansão, porém um pouco mais moderada e menos disseminada.

O índice de evolução do número de empregados registrou a quarta expansão consecutiva em setembro, alcançando 53,4 pontos. O valor ampliou ainda mais sua distância em relação à linha dos 50 pontos, indicando aumento mais forte e disseminado do emprego frente ao mês anterior.

Utilização da Capacidade

Em setembro, a Utilização da Capacidade Operacional (UCO) manteve-se em 68% pelo terceiro mês consecutivo. Esse foi o maior valor registrado para o mês de setembro desde 2013. Ao longo do ano, a UCO registrou valores maiores ou iguais a 65% em todos os meses, indicando que a atividade do setor segue aquecida.

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