Atividade da construção cresce em junho mesmo com dificuldades, aponta a CNI

Rafael Marko

Por Rafael Marko

Atividade da construção cresce em junho mesmo com dificuldades, aponta a CNI

O índice de evolução do nível de atividade da indústria da construção subiu em junho para 51 pontos, enquanto o índice de evolução do número de empregados elevou-se para 50,2 pontos. Este foi o melhor desempenho da atividade desde setembro do ano passado (51,2 pontos) e também o melhor mês de junho para o setor desde 2011, quando o indicador alcançou 51,7 pontos. O resultado de junho também foi o melhor observado no primeiro semestre do ano e é superior à média histórica do índice (45,6 pontos).

Os números são da Sondagem Indústria da Construção, realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), em uma escala que vai de 0 a 100. Foram coletadas informações de 453 empresas, sendo 167 pequenas, 195 de médias e 91 grandes, entre 1º a 13 de julho.

A falta ou o alto custo de matéria-prima continua sendo o principal problema enfrentado pelos empresários da construção pelo quarto trimestre consecutivo, alcançando 55,5% dos pesquisados na sondagem. A elevada carga tributária foi apontada como o segundo principal problema enfrentado no 2º trimestre de 2021. Na comparação com o trimestre passado, esse foi o item com maior crescimento nas assinalações, passando de 24,7% para 31,5%.

O maior ritmo da atividade está na Construção de Edifícios, enquanto as Obras de Infraestrutura e os Serviços Especializados, apesar do incremento observado nos últimos meses, ainda estão em patamares de queda.

Ligeiro declínio da confiança

De acordo com a sondagem, o Índice de Confiança do Empresário Industrial da Indústria da Construção (Icei Construção) registrou, em julho, queda de 1,1 ponto em relação a junho. Apesar da queda, o índice se encontra acima da linha divisória de 50 pontos, em 57,8 pontos, o que ainda indica um ambiente de confiança.

O Índice de Condições Atuais, que entre janeiro e maio esteve abaixo dos 50 pontos, atingiu 50,9 pontos em junho e caiu para 50,1 pontos em julho. O que o influenciou negativamente foi o componente da avaliação das condições da economia brasileira que, em junho, se encontrava em 50,5 pontos, e em julho recuou 2,9 pontos, retornando à região abaixo da linha divisória.

O Índice de Expectativas recuou 1,2 ponto entre junho e julho, mas se manteve acima dos 60 pontos, em 61,7 pontos, o que indica expectativas positivas. O principal elemento responsável por tornar o índice menos otimista em relação ao mês anterior foi o relativo à expectativa da economia brasileira, que caiu 2,1 pontos frente a junho. Apesar da contração, o componente se mantém distante da linha divisória de 50 pontos, em 59 pontos, indicando confiança.

Já a expectativa com relação às empresas tornou-se menos otimista, com recuo em 0,8 ponto, para 63 pontos, mas ainda em patamar elevado.

Utilização da capacidade

A Utilização da Capacidade Operacional das empresas de construção cresceu 1 ponto percentual em junho, em relação a maio, e atingiu o seu maior patamar (64%) desde novembro de 2014 (66%). O resultado também é superior à média histórica do indicador (62%).

Freio puxado

Ao anunciar estes dados em 26 de julho, José Carlos Martins, presidente da CBIC, comentou que, apesar dos resultados positivos, o setor está crescendo bem abaixo de sua capacidade. “A construção é como uma Ferrari com freio de mão puxado. Poderia ser um ano histórico em termos de crescimento e contratação de trabalhadores. Mas alguns fatores, como o aumento dos insumos, criaram temor nos empresários, e não estamos com a atividade que poderíamos estar”, afirmou.

Diante destes resultados, mesmo com pandemia e desafios impostos por escassez e aumento nos custos dos materiais, a expectativa da CBIC para o crescimento PIB do setor em 2021, que em março caíra de 4% para 2,5%, voltou a 4%. Caso confirmado, esse será o melhor desempenho da construção desde 2013, quando o crescimento foi de 4,5%.

De acordo com aquela entidade, o incremento do financiamento imobiliário, as taxas de juros ainda em baixo patamar, a melhora do ambiente econômico, a demanda consistente, mesmo diante da pandemia, e a continuidade de pequenas obras e reformas são algumas das razões que ajudam a justificar a projeção atual.

Segundo a economista da CBIC, Ieda Vasconcelos, essa melhora não significaria um forte crescimento. “É preciso considerar que de 2014 até 2020 o setor acumulou uma queda de 33,34%. E mesmo com o crescimento de 4% em 2021, a retração desse período continuará superior a 30%, o que é bastante expressivo. A construção precisará continuar a crescer mais alguns anos nessa intensidade para que a recuperação total aconteça”, disse.

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